Há uns treze anos atrás eu larguei a escola logo no início do ano letivo. Era a segunda vez que isso acontecia. Mas era a primeira vez que eu sabia o motivo: depressão!
Nessa época, falar sobre depressão não era algo aceitável. Era quase como sair do armário nos dias atuais. Exceto o ódio. Diziam que era porque você não tinha Deus no coração, e coisas semelhantes. Como sou ateia, algumas pessoas poderiam até imaginar que tinham razão.
Você ouvia histórias sobre casos mais extremos. Como de pessoas que ficavam loucas, ou perdiam o cabelo, ou ainda, adoeciam tanto fisicamente, a ponto de serem finalmente levadas a sério. Uma lástima!
Nesse ano, eu estava estudando a noite, e uma professora de Educação Física resolveu, após tocar no assunto, fazer um trabalho em sala sobre depressão. Foi ela anunciar o que queria, eu já entrei em pânico.
Fomos divididos em grupos de quatro ou cinco pessoas, não recordo bem. E o bendito trabalho consistia em fazer uma breve apresentação sobre depressão, valia encenar ou escrever uma poesia, algo criativo e artístico. Na época eu escrevia, pra caramba (pena quantidade não querer dizer qualidade!). Inclusive, o que teimosamente eu chamava de poesia. Mas eu travei. O tema era pessoal demais pra mim, e eu entrei em parafuso. Tínhamos quinze minutos ou meia hora (faz tempo, não recordo tão bem) para bolar algo. Eu não consegui criar nada, e pra mim, eu também prejudiquei o grupo com meu estado. Afinal, estava muito alterada, e eles tentavam me acalmar o tempo todo.
Fomos divididos em grupos de quatro ou cinco pessoas, não recordo bem. E o bendito trabalho consistia em fazer uma breve apresentação sobre depressão, valia encenar ou escrever uma poesia, algo criativo e artístico. Na época eu escrevia, pra caramba (pena quantidade não querer dizer qualidade!). Inclusive, o que teimosamente eu chamava de poesia. Mas eu travei. O tema era pessoal demais pra mim, e eu entrei em parafuso. Tínhamos quinze minutos ou meia hora (faz tempo, não recordo tão bem) para bolar algo. Eu não consegui criar nada, e pra mim, eu também prejudiquei o grupo com meu estado. Afinal, estava muito alterada, e eles tentavam me acalmar o tempo todo.
Resultado: toda a turma criou algo, apresentou com sucesso, e ao questionar ao meu grupo sobre a nossa apresentação, e ser informada que não tínhamos nada, a professora olhou pra mim desapontada e falou diretamente comigo (ou ao menos foi o que percebi na época) que não esperava isso de mim, ou algo do tipo.
Saí de lá em prantos. Não creio que a aula dela era a última, mas saí correndo do colégio. Olhos tão anuviados que não enxergava nada à minha frente. Eu tinha mania de querer vagar sem sentido, quando tinha crises. E nessa noite, pedi pro Ramon e o Alysson me acompanharem (confesso que não recordo se saímos andando ou não). Chorei, reclamei, queria mesmo morrer. E resolvi então que não queria mais ver os colegas que eu tinha prejudicado, e muito menos a professora, a quem eu tinha desapontado, e que não tinha tido a sensibilidade de perceber o motivo. Pensando bem, não é como se ela tivesse uma bola de cristal, né?
Contar isso a alguém, e pedir ajuda estava completamente fora de questão! Por isso que mesmo sendo uma excelente aluna, à época, eu largava a escola assim que tinha uma crise, e os professores ficavam sem pista de porquê. Era um estigma que eu não estava pronta para mostrar ao mundo. E também não queria que sentissem por mim, e me favorecessem por isso de alguma forma. E foi assim que eu passei os próximos quatro ou cinco anos. Até ser vencida pelo cansaço e me render à prova do Supletivo. Lembro que não ter terminado o ensino médio, só acrescentava ainda mais à minha depressão. Mas eu queria realmente aprender, por isso resistia tanto ao Supletivo. Mas a melhor coisa foi tirar esse entrave do meu caminho. Melhorou bastante minha ansiedade, e minha autoimagem.
Não sei por que exatamente, mas senti vontade de contar essa história. Isso foi há muito tempo, e de lá pra cá muita coisa finalmente mudou. Apesar de que admitir que tenho depressão, e que preciso aprender a conviver com isso, seja algo muito, mas muito recente em minha vida. Hoje é bom saber que eu não preciso encarar isso sozinha. E é bom ter o apoio e a compreensão das pessoas que me amam, e estão ao meu lado.
Se você também sofre de depressão, saiba que não há vergonha nisso. E que você não precisa ter motivos no mundo real pra justificar esses sentimentos e emoções.
Uma a cada quatro pessoas sofre de depressão no mundo. Umas mais severas ou leves do que a sua. Mas você com certeza conhece mais alguém no mesmo estado que o seu. As vezes essas pessoas só não admitem, portanto, não procuram ajuda, e nada muda.
Os tratamentos para depressão são os mais variados possíveis, basicamente qualquer coisa pode funcionar como terapia. Inclusive hobbies, fazer novas amizades, estar em contato com animais e a natureza, fazer trabalho voluntário, expressar-se criativamente, terapia com psicólogo, e em alguns casos, até tomar antidepressivos pode funcionar. Mas uma coisa que nunca vai fazer você melhorar é sofrer sozinho! O isolamento é como combustível para a depressão, e eu demorei mais do que deveria pra entender isso.
Admitir que tem algo errado, e não ter receio de procurar ajuda e apoio dos que o amam, é essencial para começar a se sentir melhor. Acredite em mim!
Eu quero aqui agradecer à minha família, meus irmãos, minha vó e ao meu Edson e meus sogros, por se importarem e cuidarem de mim. É por conta de vocês que eu tenho vontade de seguir.
E se alguém precisa de ajuda, eu posso tentar guiá-los na busca de apoio. E saiba que você vale muito!