quarta-feira, 14 de novembro de 2018

É que Narciso acha feio o que não é espelho...

Por muito tempo eu só conseguia "amar" o que era idêntico (no mínimo similar) a mim. Pessoas com crenças diferentes, com gostos diferentes, eram pessoas com quem eu não desejava nenhum tipo de convívio, e não apenas isso, mas eram pessoas que eu não conseguia me abrir, ao menos para conhecer. E foi assim que eu acabei me isolando mais e mais, a ponto de não ter por perto nem as pessoas que amo. Minha desculpa é que ELAS não me entenderiam, ELAS me julgariam e não gostariam de mim. Quando na verdade era eu quem não as entendia, eu que as julgava e que não gostava de tê-las por perto.
Tudo começou a mudar quando eu notei que repetia com minha irmã o padrão de relacionamento que minha mãe tinha comigo. Não entendia porque ela era tão diferente de mim, logo ela deveria estar errada, claro! Tentava moldá-la à minha imagem, me frustrava e então me afastava. Quando o que ela mais precisava era de alguém pra apoiá-la. Como precisei da nossa mãe quando tinha a idade dela. Mas no meu caso, nessa idade, eu ainda tinha uma mãe, ela não!
Eu entendi a tempo o que se passava, e consegui recuperar um relacionamento que de outra forma, não mais existiria. E é um dos blocos na minha vontade de melhorar. E com certeza é uma das pessoas que mais amo no mundo. Eu a amo do jeitinho que ela é, e principalmente por isso. Por ela ser ela mesma, genuína, e completamente diferente de mim.
Outra história tão esdrúxula quanto essa, é que no início do relacionamento com meu esposo, eu achei que não daríamos certo porque ele gosta de música eletrônica. Vê se pode?! Nós temos um universo de similaridades, mas ele gostava de música eletrônica (que à época eu não gostava) além das músicas que eu gostava. Ridículo! E por essa eu devo agradecer a uma moça amiga de amigas minhas, com quem fui pra um show em Laranjeiras em 2011, por dar na minha cara com a realidade de quão estúpido era esse parâmetro.
O fato é que é normal que nos aproximemos mais de pessoas parecidas com a gente. Mas ao nos afastar de pessoas diferentes, estamos perdendo oportunidades. Oportunidade de conhecer coisas novas, de gostar de outras coisas, além das coisas que já conhecemos e gostamos. E perdemos a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas e únicas do seu próprio jeito.
E eu tenho pensado muito nisso agora, porque estou fazendo um curso de corte e costura com mulheres maravilhosas, e TODAS bem diferentes de mim. E hoje eu soube que o curso poderia ter parado por agora, e eu não as veria mais. E a realidade é que como não temos muita coisa em comum, dificilmente alguém iria querer a amizade dessa coisinha estranha que sou. E mesmo que o curso acabe hoje, ou daqui a um ou dois meses, eu vou sentir muita falta delas. Sentirei falta até de discordar delas.
E assim uma reflexão virou uma declaração à minha turma e professoras. Obrigada pelo carinho e atenção toda semana. Espero aproveitar bem o tempo com vocês. Vejo vocês segunda! ;)

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