terça-feira, 27 de novembro de 2018

Analogia da Borboleta

Há muitos anos atrás eu escrevi um poeminha que se chamava Pupa. Veja, à época eu tinha um fotolog ou blog (não lembro qual dos dois, pois já tive ambos) de poesias de autoria própria. Infelizmente num rompante, eu deletei blogs e arquivos com as tais poesias na esperança de romper com um passado que considerava triste e desejava esquecer. Avancemos o tempo: valeu como quase um "rito de passagem", mas hoje sinto falta de minhas criações, e daria dinheiro para tê-las todas de volta. Algumas eram até boas!

Bem, nessa época as pessoas costumavam fazer comentários pertinentes sobre o que outras publicavam. Não havia essa interação que tornou tudo automático e impessoal, o famigerado "like". Mas não houve nenhuma resposta a esse meu poeminha. Eu adorava quando as pessoas pegavam a ideia do que eu tinha escrito, ou chegavam pra mim com alguma interpretação própria. Mas nada, nenhuma interação! Quando isso acontecia, eu imaginava que ninguém tinha entendido nada, e ficava triste. Nem passava pela minha cabeça que era uma criação ruim, porque eu considerava boa.

Infelizmente não lembro bem dela, apenas da ideia geral. Como boa narcisista que sou, falava, claro, sobre mim. Eu me comparava a uma lagarta, sabe aquela fase indesejada, larva de borboleta, considerada peste? Pois bem, faminta ela devora tudo o que pode, pra ter energia ao criar o casulo e ficar lá quietinha até ressurgir como uma borboleta, mas não antes de lutar muito pra sair do casulo e assim, fortalecer suas asas, ferramentas indispensáveis a uma borboleta.

Hoje pela manhã, enquanto cuidava dos bichos eu pensava a respeito da comparação que tinha feito nesse poeminha. E de como me é ainda mais real hoje, mas estendido ao ser humano, como indivíduo. Uma reflexão a partir do meu entendimento de vida, é verdade. Mas acho válido escrever aqui. Na infância e adolescência podemos ser como uma lagarta, nossa única preocupação é o nosso próprio bem estar, por vezes nem nos passa pela cabeça o sacrifício que os nossos cuidadores, por exemplo, fazem por nós. Afinal, damos tudo por garantido como nosso direito, e acabamos sendo ingratos e até reclamando se as coisas não são do jeito que desejamos. Quando adultos é que a realidade começa a nos pegar, e muitas vezes nos vemos com a necessidade de considerar o outro além de nós mesmos. Seja por conveniência, necessidade ou amor, o fazemos. Ao precisarmos amadurecer, o caminho se volta para o interno, e tudo deve ser considerado. Pensamos o porquê, e pesamos consequências. Se obtivermos sucesso nisso, ainda nessa fase emergimos como borboletas do casulo, depois de enfrentar várias e longas batalhas internas. À época, eu jurava que era uma pupa, a borboleta em fase de casulo, mas eu ainda era uma lagarta, uma peste que só considerava suas próprias vontades e satisfações. Hoje eu me considero pupa, cada vez mais me voltando pra dentro, tentando ser melhor. Não creio que serei uma borboleta nessa vida, mas vou morrer tentando!

P.S.¹: Um apelo aos que me conhecem desde os primórdios da internet por aqui. Se qualquer um de vocês tiverem qualquer poema (ou coisa do tipo) de minha autoria, me faria uma criatura muito feliz poder lê-los novamente. Não se acanhem em me procurar. Obrigada!

P.S.²: Eu consegui lembrar de umas duas, se não me engano, e as reescrevi de memória na íntegra. Depois posso publicar aqui, se eu as achar.

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