quinta-feira, 19 de abril de 2018

Solidão

Estar sozinha me trás emoções ambivalentes. Ao mesmo tempo que anseio, temo. Desde que me entendo por gente eu aprecio ficar sozinha. Sempre associado com um tempo pra mim, pra ouvir meus próprios pensamentos, tomar meu tempo pra resolver o que é preciso, ou só fazer coisas sem ser julgada, como dançar pela casa inteira, andar pelada ou cochilar durante o dia. Mas, por conta da depressão, é também um momento onde estar só com meus pensamentos não é uma coisa fácil, nem desejável.

Quando meu esposo e eu nos apaixonamos e nos casamos, eu achei que minha saúde mental iria melhorar, afinal de contas, eu tinha tudo o que sempre desejei. Eu queria que fosse tão simples! A verdade é que eu tenho sido menos aberta a aproximação de pessoas em geral, inclusive família. O que me traz a hoje: zero amigos, e tentando desesperadamente me conectar com minha família. Anos atrás eu nunca pensei que falta de amizades poderia ser um problema pra mim. Eu acreditava que tinha vários amigos. Quando na verdade, eu colecionava conhecidos, e era a única pessoa amiga da maior parte das relações que mantinha.

É difícil pra mim perceber o quanto necessito de interações sociais pra me sentir bem. Racionalmente, ao menos pra mim, o convívio com o Edson já deveria cobrir isso. E pra ele, também um introvertido, já é o suficiente. Mas pra mim não. Eu choro pela deterioração de minhas habilidades sociais. Pelo fato de ter brigado com meu único amigo, e de não conseguir fazer novas amizades. A verdade é que eu não quero me dar ao trabalho de conhecer novas pessoas, por medo de me decepcionar com elas, ou pior, de não as cativar. Eu ponho muito peso no significado da palavra amizade. Eu idealizo o que deve ser uma amizade perfeita, pois já tive muitas decepções! Tendo dito isso, sei que decepcionei também.

Tenho que lembrar sempre que todo mundo merece ser feliz, ser apreciado e amado. Que todo mundo tem o direito de encontrar pessoas que queiram compartilhar sua vida, que se sintam a vontade com alguém, que saibam que pode contar com aquela pessoa, que se sinta ouvido e entendido, tenha alguém pra compartilhar as coisas que o deixa feliz, e pra ouví-lo quando tudo vai mal também, alguém que fique feliz em ser seu amigo. Então, se todo mundo tem esse direito, eu também tenho.

Bem, o fato é que ficar sozinho encarando paredes, não é exatamente o que desejo pra ninguém, muito menos pra mim. A solidão precisa ser uma opção, e não uma situação. E o truque é que isso depende apenas de mim. De eu sair da caverna e ir explorar o mundo lá fora, que está cheio de coisas e pessoas de verdade, e não as sombras que constantemente analiso desenhadas na parede. O negócio é que é mais fácil falar do que fazer, como tudo nessa vida. Vamos torcer pra que eu consiga.

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