terça-feira, 28 de maio de 2019

Ninguém escolhe estar errado

Vivemos um momento da história que é único em muitos aspectos, mas que em outros é uma repetição de tudo que já vivenciamos como sociedade moderna. A bipolaridade política/social não é algo novo, nem na História recente da humanidade, e mesmo assim, a gente não parece entender o mal que faz quando nós calamos o outro a grito. O abismo que criamos entre nós, faz parecer que não somos mais capazes de conviver com a diferenças. Mesmo os que pedem por mais tolerância, são por vezes tão intolerantes quanto. Dá a impressão que deveríamos por bem separar o mundo, e cada um que vá pro seu lado, viver sua utopia.

Quem não gosta de ter suas ideias validadas por alguém? As palavras chegam a doer fisicamente quando se opõem aos nossos pensamentos. Mas a gente deve lembrar que ninguém simplesmente escolhe estar errado, além disso, nós pensamos estar certos em todo e qualquer momento de nossas vidas, até descobrirmos que não. Então, não deveríamos ser mais compreensivos com quem discorda da gente? Fazer parte de um diálogo com partes opositoras é como estar em uma zona de guerra em que as armas são palavras. Se o intuito é tentar fazer o outro repensar o assunto. Machucá-lo só vai fazê-lo sentir mais distante de você, e mais empenhado a também te machucar. E há tanta gente que já sofreu tanto, que não tem mais paciência para ouvir, quando o que o outro está dizendo desafia sua existência e liberdade.

Vamos partir do pressuposto de que somos todos pessoas com bons intuitos, e queremos um mundo melhor, só que por métodos diferentes. Então nos basta agora exercitar nossa empatia: se eu fosse essa outra pessoa, com as experiências que ela viveu, com as oportunidades (ou falta de) que ela teve, como seriam meus pensamentos? Talvez bem similares aos dela. E então, vamos para outro nível de empatia. O que eu quero de melhor pra mim, eu devo querer para todo mundo. Se você é alguém que deseja o melhor pra si e para as pessoas que ama, por que não estender esse desejo para todas as pessoas, independente de quem elas são? É o certo a se fazer!

Para as pessoas religiosas que porventura lerem esse texto, Jesus deixou apenas ensinamentos de amor e tolerância. Para uma vertente religiosa (a cristã) que as escrituras recentes falam tanto de amor e misericórdia, como pode ser aceitável carregar tanto ódio pelo diferente, e como pode-se desumanizar tanto o outro? Jesus não foi o homem que defendeu uma mulher que seria morta à pedradas por ser supostamente adultera? E não foi ele que perdoou seu próprio discípulo que o traiu? Não foi ele que perdoou o ladrão crucificado com ele? Que perdoou seus executores? Quem você é então, diante de uma figura tão poderosa de sua religião, para condenar quem quer que seja?!

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