quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Reforma familiar

O texto da Rosely Sayão*, fala de dados sobre algo preocupante. O exagero do uso das tecnologias e o afastamento do vínculo social primário: a família. Em seu texto há apenas números que mostram pesquisas com filhos que se sentem "trocados" pelo celular. Os pais estariam usando demais seus smartphones e não dando a atenção necessária para seus filhos. Num dos comentários ao texto alguém cita que as crianças e adolescentes não são diferentes, abusando do uso desses aparelhos e se ausentando da interação com a família. Basta que fiquem sem essas tecnologias, pra que se note a diferença, afirma. 
Porém, o que acontece, na verdade, é uma evolução de mídia. Antes, tanto os pais (adultos), quanto os filhos (crianças e adolescentes) tinham como meio de entretenimento em casa, apenas a televisão. Nesse caso, fazia-se a vontade do mais forte, geralmente os pais! Lembro de nunca ver televisão nos horários das atrações infantis, quando minha mãe e vó estavam em casa era só novela. Para assistir a programação que eu queria, ou negligenciava as rotinas domésticas pela manhã, quando as duas não se encontravam. Ou aproveitava a sua ausência às tardes e mudava de canal. Saudades da TV Cruj no SBT, e dos desenhos vespertinos da TV Cultura, que só conseguia ver a muito custo, e já na adolescência! 
TV é uma tecnologia que pode ser aproveitada por quantas pessoas estiverem no cômodo. É uma experiência coletiva. Computador, tablet e o famigerado Smartphone, geralmente não. Digo geralmente porque já desfrutei de vídeos no computador ou smartphone na companhia de alguém. Dá pra fazer, claro, mas não é o mais comum. Como com um livro, é uma experiência mais individual. E há tantos usos para esse aparelho, posso jogar videogames, interagir com outras pessoas, ler (dificultado pelo tamanho da tela, mas possível), e o meu favorito: ver vídeos no Youtube. Esses são apenas alguns exemplos da funcionalidade dessa tecnologia usada em conjunto com a internet. 
Claro que haverá uma alienação. Somos impelidos a procurar por atividades que nos dê prazer, é de nossa natureza. Os deveres são chatos, e a convivência, nem sempre fácil e satisfatória. Todos sabem, mas parecem ignorar, que fazer parte de uma família é ótimo, mas traz aborrecimentos. Muitas vezes exageramos e os transformamos em problemas. Por isso também, a fuga. Não podemos culpar os smartphones, e sua capacidade de nos distrair, por destruir famílias. O que afasta os indivíduos não está em aparelhos e novas tecnologias, está em nossa natureza. De viver sob uma falsa alegação de que não temos problemas.
Muitos pais de ontem, deixaram a televisão criarem seus filhos. Ou por falta de tempo de estar com eles por conta de trabalho, ou porque não sabiam o que fazer com essas crianças. E é o mesmo que vejo muitos pais fazerem hoje, só que com videogames, smartphones e internet. Nada mudou! A sociedade "tenta" nos preparar para ter uma carreira, para ter uma família. Ao menos, é o que ela nos cobra quando adultos. Mas ninguém nos ensina a ser pai ou mãe. O cuidar geralmente se resume a alimentar e vestir. Uma criança necessita de muito mais que isso! E não estou falando de nada material. Precisa que se importem com ela. E que façam parte de sua vida o tempo inteiro. Nada deve ser ignorado ou negligenciado quando se trata de um filho. 
 Falo isso porque fui filha, e por mais que, na época, mesmo que quisesse minha "privacidade" quanto a muitos aspectos. Careci de mais interferência de minha família. Mas não posso culpar minha mãe. Ela fez o que pode com o que tinha. E a ela, sou grata por muito do que sou hoje. Só quero deixar registrado que o problema não é a nova tecnologia, são as velhas instituições. A família também precisa de uma reforma.

Pensando sobre o assunto deste link: A Importância do Vínculo*

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