segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A contracultura da honestidade

A Corrupção é um assunto em alta nos dias atuais, distanciado do indivíduo comum, já que quase sempre vem atrelado a vida política e os grandes empresários que a financiam. As pessoas tendem a esquecer que somos todos passíveis de corrupção, mesmo em pequenos atos, como ficar calado ao receber dinheiro a mais no troco, ou furar fila e coisas do tipo. Nós vivemos num país onde devolver a carteira encontrada com dinheiro dentro, é visto, por muitos, como um ato tolo. Azar de quem perdeu a carteira, não é mesmo?! Não é assim em todo lugar. E pode ser diferente aqui também! Numa cultura onde tirar vantagem do outro é o esperado, você deve lembrar que, em algum momento, o jogo vira e você pode ser esse 'outro'. E eu sei que é justamente esse pensamento que acaba levando a algumas pessoas a justificarem seus erros como em "eu faço isso, porque outro no meu lugar faria o mesmo". E esse tipo de pensamento não poderia estar mais distante de um ideal longe da corrupção.
Unidade é uma questão difícil para entendermos. O nosso país é muito fragmentado. São várias regiões, com climas, culturas, gostos e preocupações diferentes. São várias etnias convivendo nada harmoniosamente, apesar do que se tenta passar. E a nossa inabilidade de ver o todo, nossa visão curta e enviesada sobre as consequenciais dos nossos atos e dos acontecimentos ao nosso redor é o que mais nos fere. Quando um João, ou uma Maria vendem seu voto, seja por uma quantia em dinheiro ou uma promessa de emprego, por exemplo. Ele não vê que prejudica a democracia, e assim seus semelhantes. A democracia é algo abstrato, diferente das coisas que pode conseguir com dinheiro. É algo que ele desconhece o conceito e sua aplicação. Subindo um pouco o nível financeiro e educacional da criatura, aumenta-se também sua capacidade de prejudicar. E quanto a essa pessoa?! Supostamente com uma ideia melhor sobre o mal que faz. No que ela está pensando? Em si mesma!
Um pequeno desvio nesse momento para falar sobre um fenômeno que eu observo bastante entre pessoas escolarizadas, e com um certo nível de vida, que lutam, seja ativa ou passivamente, por benfeitorias para as classes mais baixas. Seria hipocrisia sua luta, quando eles mesmos não contribuem para uma sociedade melhor e ostentam o tipo de vida que parecem combater em seus discursos? Vale pensar sobre isso.
Voltando ao assunto corrupção, Dan Ariely psicólogo econômico num dos seus livros "A Mais Pura Verdade Sobre Desonestidade", conclui que todos somos desonestos. O que varia é a intensidade do dano que podemos causar. A maioria de nós se sente honesto nos mantendo num nível de desonestidade pequena, pensando que não estamos fazendo mal a ninguém. Porém, nesse estudo foi definido que o montante de pequenas trapaças é tão, ou mais prejudicial financeiramente, que grandes esquemas de corrupção. Não sei se o estudo dele se aplica ao Brasil, onde os corruptos são tão gananciosos, mas... E mais, quando alguém do grupo ao qual pertence trapaceia, isso valida a sua trapaça. Uma normalização da corrupção.
Se para você a honestidade é algo valioso, reveja seus atos. Não normalize a desonestidade. Tenha bons valores e esteja ciente o tempo todo.
Se quer saber mais sobre o assunto, vale a pena conferir o trabalho do Dan Ariely. No canal do TED tem vários vídeos dele, deixarei um aqui.
Se você nunca viu o conceito de mujin hanbai, veja a respeito no link abaixo do canal Japão Nosso de Cada Dia. São lojas sem atendentes que existem por todo o Japão, esse país onde as pessoas deixam o seu objeto perdido exatamente onde você o perdeu, pra que possa encontrá-lo. Se a gente aprende com exemplo, tá aí um bom!

https://youtu.be/ouP8Us61ugY

https://youtu.be/nUdsTizSxSI

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