quarta-feira, 10 de outubro de 2018
Pronta para me amar mais
Recentemente decidi olhar para dentro, e me vendo, percebi que muitas definições que tinha sobre mim não são certas, ou justas. E outras são simples delírios de uma mente tomada por visões de grandiosidade de si mesma.
Quando estou mal, o que é a maior parte do tempo de minha vida, mesmo quando respondo entusiasmada que estou ótima, me vejo como um grande erro, que sou uma pessoa má, que eu poderia fazer mais por mim mesma, mas principalmente, pelas pessoas que amo, e até pelas pessoas com quem acho que deveria me importar mais. Eu não sou o suficiente, eu não sou o que preciso, ou precisam que eu seja, basicamente, que sou um erro que nunca deveria ter existido. Eu me isolo, me encolho, fico ressentida com tudo o que me dizem, e acho que todo comentário é uma indireta pra mim. Muitas vezes eu sinto que já deu, já vivi mais do que deveria, não tenho vontade de fazer absolutamente nada, mesmo as coisas mais básicas. E isso tudo, sem nada na minha vida justificar esses sentimentos tão intensos e ruins. Eu posso dizer a você que, agora, minha vida só poderia ser melhor, se assim eu a fizesse. E nessas vezes que minto que estou bem, é porque depois de muito reclamar do acaso, e das pessoas ao meu redor, notei que eu é que tenho a chave da minha própria felicidade, eu sou a responsável por ela, mais ninguém. E me faz bem não culpar ninguém, não me lamentar, não arrastar outras pessoas comigo.
Essa parte é embaraçosa, mas vamos lá: quando estou bem, sinto que sou capaz de tudo, sinto que sou mega inteligente, habilidosa, super criativa, sexy e bonita (hilária inclusive). E me pergunto como é que eu me afogo em tanto sentimento ruim, e tanta tarefa acumulada, se é tão "simples e fácil" ficar bem. Nesses momentos que penso em como ser a pessoa que esperam que eu seja, funcional, tendo um trabalho que me traga algum dinheiro e satisfação, em como me manter organizada, em como ter minha casa sempre limpa, em como ser o pilar da minha família, em como ajudar todo mundo, inclusive minha comunidade. Daí eu tenho milhares de "ideias brilhantes", faço mil planos, me convenço de que tudo é simples e que eu não preciso de ajuda, porque eu posso fazer tudo sozinha, certamente. Nunca acontece tudo ao mesmo tempo, ou eu me organizo e organizo a casa, ou eu faço planos mirabolantes, que nunca nem chegam a serem completamente pensados, e promessas que eu sei que não há chance alguma de serem cumpridas. É quando tomo decisões por impulso também, ou falo coisas das quais me envergonho e me arrependo depois.
Imagino quão complicado é para as pessoas que convivem comigo, que não são muitas, por sinal, me verem oscilar entre uma pessoa amável, amiga, acessível e capaz ou que é completamente crítica de todo mundo e dá sermões e conselhos não solicitados, pra alguém que não tem ânimo pra sair da cama ou sofá, que se odeia, e que não consegue manter compromissos, tem medo de fazer qualquer coisa, ou odeia tudo, alguém que está estagnado, que não consegue viver!
E pra quem pode estar pensando em "ah, o que você precisa é de Deus", ou "isso é frescura, mimimi", cara eu queria que você estivesse cem porcento certo! Eu não me importo de estar errada, quando eu estar errada, é a solução. Mas, eu cheguei aqui, nesse nível de esclarecimento sobre mim mesma, o que é só o começo por sinal, nunca parando de me questionar, e me angustiar com a falta de respostas para tanta coisa importante. E principalmente, vencendo o medo de fazer as perguntas que mais receio as respostas.
Agora eu acredito que estou mais perto de entender o que me faz eu. O porque do meu desejo de ser melhor não é o suficiente pra me mover, e é a mesma coisa que me faz sentir como lixo. E estou mais do que pronta para receber ajuda e tentar saber quem sou eu fora desses extremos, e me amar por completo, e funcionar com uma célula normal nesse organismo que somos nós humanos vivendo em sociedade. E ter um papel positivo para as pessoas que posso tocar.
Eu ainda não fui diagnosticada, sendo que ainda não marquei nenhuma consulta. Estou obtendo informações, coletando dados, evidências e fazendo uma reflexão profunda sobre mim e meu comportamento durante toda minha vida (e sim, isso tudo ainda pode ser uma desculpa para não ter feito algo necessário por inúmeras razões, dinheiro sendo a principal. Já falei que sou mão de vaca pra gastar dinheiro comigo?). Por isso não vou dizer o que acho que eu devo ter. Mas se você se identificou com algumas coisas que leu aqui, nós podemos ser irmãs ou irmãos de um certo transtorno, e eu pretendo compartilhar minhas descobertas, e falar sobre saúde mental sempre. Meu intuito é desmistificar transtornos mentais e auxiliar pessoas que precisam, a buscar a ajuda necessária. E sim, pra isso é necessário falar sobre minha vida, minhas experiências, meu defeitos e angústias. Por isso, eu não escrevo para você que se sente uma pessoa "normal", e que acha tudo que eu escrevi absurdo e sem sentido. Por você eu só posso ficar feliz. Mas, para as outras pessoas, as pessoas que não se encontraram ainda, e as que sentem que nunca irão. Pega aqui a minha mão, e vamos em frente! ;*
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