Recentemente eu assisti uma entrevista do autor de "Me Chame Pelo seu Nome", o italiano Aciman André, e como provavelmente muita gente, fiquei surpresa que o autor se declare hétero, inclusive com mulher e filhos para "comprovar" o afirmado. Uma de suas falas durante a entrevista conduzida pelo Pedro HMC do canal "Põe na Roda" (do qual sou fã) me foi bastante problemática. Ele dizia que depois de duas vodkas todo mundo era bissexual. Quando comentei no vídeo, incomodada pelo dito, eu só falei que as pessoas não deveriam ser levadas a beber só porque alguém quer que elas "se liberem sexualmente", isso havia me soado muito como estupro de vulnerável, já que uma pessoa embriagada não tem discernimento suficiente para responder a investidas sexuais. Não lembro se mais de uma, ou apenas uma pessoa veio me educar a respeito do que ele "realmente quis dizer", e eu levei em consideração o argumento da moça. Continuei pensando a respeito, e hoje cheguei a conclusão que meu desconforto com a frase não é apenas, como se não fosse o suficiente, pela insinuação de estupro, mas algo ainda mais problemático. Mais uma vez, invisibilização das sexualidades não monossexistas (como a heterossexualidade e a homossexualidade exclusivss). Bissexuais, pansexuais ou polissexuais, como quiser, não se sentem atraídos por apenas um gênero, mas pelo próprio, e por pelo menos um outro. Mas isso parece ser ignorado pelas demais pessoas, e esse é o problema. Dizer que "todo mundo é bissexual", mesmo que bêbado, é dizer que nossa sexualidade não é válida. E mais, é tratar nossa sexualidade como promíscua. Nós seríamos abertamente promíscuos, nada mais. É também limitar nossas relações à motivações meramente de cunho carnal, e não é esse o caso em absoluto. Por isso essa frase tinha me incomodado profundamente, são camadas de problematizações escondidos em uma "piada" que a primeira vista pode até soar inocente, mas não é. E me fez lembrar uma coisa que aconteceu comigo há muitos anos. Uma pessoa amiga, e que à época se declarava apaixonada por mim, talvez pela confusão de seus próprios sentimentos, disse que eu era "safada" e não LGBT. E pasmem, essa pessoa falou isso não pra me machucar, de forma alguma. Ela achava que isso aliviava o peso do que eu era. Projetando em mim, o que talvez ela estivesse pensando de si mesma frente aos seus próprios sentimentos e desejos dirigidos a alguém do mesmo sexo. Eu não fiquei brava com ela, e tinha até esquecido desse evento, mas tudo voltou à tona pensando sobre a fala do Aciman nessa entrevista.
Não venho condená-lo por ter dito isso. Não estou querendo colocar ninguém na fogueira, pelo contrário. Como até respondi pra moça que tentou interpretar para mim o que ele queria dizer com isso, ele conhece muito mais gente que eu, e tem muito mais tempo de vida. Ou seja, a realidade dele é totalmente diferente da minha. E as experiências de vida dele podem tê-lo ensinado justamente esse conceito. No final das contas, a gente aprende com o que vive, ou com o que vê. Só estou dizendo, não se limitem a isso. E não invalidem outras vivências! Por ser um espectro (observável em escala, por assim dizer), há pessoas em todas as variáveis de sexualidade, inclusive os fora desse espectro, como é o caso dos assexuados (pessoas que não sentem atração sexual). Sendo assim, claro que vai ter gente nos extremos, no meio e em todas as escalas, inclusive fora! Essa é a beleza da diversidade, e de sermos tão maravilhosamente diferentes uns dos outros, sem que isso seja, ou mesmo precise ser, um problema na vida de ninguém. E por fim, tratar desse assunto como se fosse só uma questão sexual é um erro inadmissível. Todas as pessoas se relacionam afetivamente, não só sexualmente. Tocar só nesse ponto, faz com que continue se concretizando na cabeça, principalmente dos heterossexuais, que a gente não ama, a gente só faz sexo, e só quer sexo. E também, que se não fosse por nossa "safadeza" nós conseguiríamos muito bem, ter relacionamentos "normais", entre opostos apenas. Vê como isso é problemático?! Não continuem endossando falas assim, só porque gostam da pessoa que a profere. Não é militância se a gente escolhe quando ficar ofendido, e quem pode ou não dizer certa coisa a nosso respeito.
P.s¹.: Não leiam essa parte se ainda não viram o filme ou leram o livro, e pretendem fazê-lo. A verdade é que eu ainda não vi o filme, ou li o livro, mas peguei spoilers nos comentários da entrevista. E não me pareceu promissor pra visibilização LGBTQ, já que a história se trata de um "caso de verão", entre um rapaz jovem e um homem mais velho. Que parece focado na parte sexual da história, que tem um final que não é feliz para o casal (assim soube). Não tenho NADA contra isso, de tratar a sexualidade humana em uma peça. Mas para se redimir, e não soar que está só surfando na onda do pink money (exploração do poder de consumo de pessoas LGBTQ), e da polêmica, é bom que suas próximas histórias com personagens desse universo, tratem também de mais aspectos de um relacionamento, não só o desejo, mas o afeto, sejam mais profundos, e mais duradouros do que uma temporada. Assim ele pode se redimir aos meus olhos, não que isso seja importante pra ninguém.
P.s.²: Eu comentei tudo isso com o Edson, e ele me convenceu que não valia a pena escrever mais um comentário no vídeo para falar sobre isso, porque eu poderia atrair muitos defensores do autor, o que era sem sentido, nesse caso. Então decidi fazer essa publicação, ao invés disso, e fico grata por isso. Me fez desenvolver melhor meu pensamento, escrever sobre, com certa calma de não ofender ninguém, ou atrair ódio para mim, o autor ou o dono do canal, o que não é minha intenção de forma alguma. E me fez cumprir uma promessa que tinha feito. A de escrever mais publicações com a temática do vale.
Adendo: retirei o texto do ar por querer reconsiderar o que pensei e escrevi ainda sem ler o livro ou assistir a obra homônima. Pois bem, li o livro, e ainda tenho as mesmas considerações. Por isso restabelecendo o texto aqui.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2018
Escolhas
Marcadores:
Aciman André,
bissexualidade,
Call me by your Name,
Canal Põe na Roda,
Filme,
LGBT,
LGBTQ,
LGBTQI,
LGBTQIA+,
Livro,
Me chame pelo seu nome,
militância,
Pedro HMC
terça-feira, 27 de novembro de 2018
Analogia da Borboleta
Há muitos anos atrás eu escrevi um poeminha que se chamava Pupa. Veja, à época eu tinha um fotolog ou blog (não lembro qual dos dois, pois já tive ambos) de poesias de autoria própria. Infelizmente num rompante, eu deletei blogs e arquivos com as tais poesias na esperança de romper com um passado que considerava triste e desejava esquecer. Avancemos o tempo: valeu como quase um "rito de passagem", mas hoje sinto falta de minhas criações, e daria dinheiro para tê-las todas de volta. Algumas eram até boas!
Bem, nessa época as pessoas costumavam fazer comentários pertinentes sobre o que outras publicavam. Não havia essa interação que tornou tudo automático e impessoal, o famigerado "like". Mas não houve nenhuma resposta a esse meu poeminha. Eu adorava quando as pessoas pegavam a ideia do que eu tinha escrito, ou chegavam pra mim com alguma interpretação própria. Mas nada, nenhuma interação! Quando isso acontecia, eu imaginava que ninguém tinha entendido nada, e ficava triste. Nem passava pela minha cabeça que era uma criação ruim, porque eu considerava boa.
Infelizmente não lembro bem dela, apenas da ideia geral. Como boa narcisista que sou, falava, claro, sobre mim. Eu me comparava a uma lagarta, sabe aquela fase indesejada, larva de borboleta, considerada peste? Pois bem, faminta ela devora tudo o que pode, pra ter energia ao criar o casulo e ficar lá quietinha até ressurgir como uma borboleta, mas não antes de lutar muito pra sair do casulo e assim, fortalecer suas asas, ferramentas indispensáveis a uma borboleta.
Hoje pela manhã, enquanto cuidava dos bichos eu pensava a respeito da comparação que tinha feito nesse poeminha. E de como me é ainda mais real hoje, mas estendido ao ser humano, como indivíduo. Uma reflexão a partir do meu entendimento de vida, é verdade. Mas acho válido escrever aqui. Na infância e adolescência podemos ser como uma lagarta, nossa única preocupação é o nosso próprio bem estar, por vezes nem nos passa pela cabeça o sacrifício que os nossos cuidadores, por exemplo, fazem por nós. Afinal, damos tudo por garantido como nosso direito, e acabamos sendo ingratos e até reclamando se as coisas não são do jeito que desejamos. Quando adultos é que a realidade começa a nos pegar, e muitas vezes nos vemos com a necessidade de considerar o outro além de nós mesmos. Seja por conveniência, necessidade ou amor, o fazemos. Ao precisarmos amadurecer, o caminho se volta para o interno, e tudo deve ser considerado. Pensamos o porquê, e pesamos consequências. Se obtivermos sucesso nisso, ainda nessa fase emergimos como borboletas do casulo, depois de enfrentar várias e longas batalhas internas. À época, eu jurava que era uma pupa, a borboleta em fase de casulo, mas eu ainda era uma lagarta, uma peste que só considerava suas próprias vontades e satisfações. Hoje eu me considero pupa, cada vez mais me voltando pra dentro, tentando ser melhor. Não creio que serei uma borboleta nessa vida, mas vou morrer tentando!
P.S.¹: Um apelo aos que me conhecem desde os primórdios da internet por aqui. Se qualquer um de vocês tiverem qualquer poema (ou coisa do tipo) de minha autoria, me faria uma criatura muito feliz poder lê-los novamente. Não se acanhem em me procurar. Obrigada!
P.S.²: Eu consegui lembrar de umas duas, se não me engano, e as reescrevi de memória na íntegra. Depois posso publicar aqui, se eu as achar.
Bem, nessa época as pessoas costumavam fazer comentários pertinentes sobre o que outras publicavam. Não havia essa interação que tornou tudo automático e impessoal, o famigerado "like". Mas não houve nenhuma resposta a esse meu poeminha. Eu adorava quando as pessoas pegavam a ideia do que eu tinha escrito, ou chegavam pra mim com alguma interpretação própria. Mas nada, nenhuma interação! Quando isso acontecia, eu imaginava que ninguém tinha entendido nada, e ficava triste. Nem passava pela minha cabeça que era uma criação ruim, porque eu considerava boa.
Infelizmente não lembro bem dela, apenas da ideia geral. Como boa narcisista que sou, falava, claro, sobre mim. Eu me comparava a uma lagarta, sabe aquela fase indesejada, larva de borboleta, considerada peste? Pois bem, faminta ela devora tudo o que pode, pra ter energia ao criar o casulo e ficar lá quietinha até ressurgir como uma borboleta, mas não antes de lutar muito pra sair do casulo e assim, fortalecer suas asas, ferramentas indispensáveis a uma borboleta.
Hoje pela manhã, enquanto cuidava dos bichos eu pensava a respeito da comparação que tinha feito nesse poeminha. E de como me é ainda mais real hoje, mas estendido ao ser humano, como indivíduo. Uma reflexão a partir do meu entendimento de vida, é verdade. Mas acho válido escrever aqui. Na infância e adolescência podemos ser como uma lagarta, nossa única preocupação é o nosso próprio bem estar, por vezes nem nos passa pela cabeça o sacrifício que os nossos cuidadores, por exemplo, fazem por nós. Afinal, damos tudo por garantido como nosso direito, e acabamos sendo ingratos e até reclamando se as coisas não são do jeito que desejamos. Quando adultos é que a realidade começa a nos pegar, e muitas vezes nos vemos com a necessidade de considerar o outro além de nós mesmos. Seja por conveniência, necessidade ou amor, o fazemos. Ao precisarmos amadurecer, o caminho se volta para o interno, e tudo deve ser considerado. Pensamos o porquê, e pesamos consequências. Se obtivermos sucesso nisso, ainda nessa fase emergimos como borboletas do casulo, depois de enfrentar várias e longas batalhas internas. À época, eu jurava que era uma pupa, a borboleta em fase de casulo, mas eu ainda era uma lagarta, uma peste que só considerava suas próprias vontades e satisfações. Hoje eu me considero pupa, cada vez mais me voltando pra dentro, tentando ser melhor. Não creio que serei uma borboleta nessa vida, mas vou morrer tentando!
P.S.¹: Um apelo aos que me conhecem desde os primórdios da internet por aqui. Se qualquer um de vocês tiverem qualquer poema (ou coisa do tipo) de minha autoria, me faria uma criatura muito feliz poder lê-los novamente. Não se acanhem em me procurar. Obrigada!
P.S.²: Eu consegui lembrar de umas duas, se não me engano, e as reescrevi de memória na íntegra. Depois posso publicar aqui, se eu as achar.
quarta-feira, 14 de novembro de 2018
É que Narciso acha feio o que não é espelho...
Por muito tempo eu só conseguia "amar" o que era idêntico (no mínimo similar) a mim. Pessoas com crenças diferentes, com gostos diferentes, eram pessoas com quem eu não desejava nenhum tipo de convívio, e não apenas isso, mas eram pessoas que eu não conseguia me abrir, ao menos para conhecer. E foi assim que eu acabei me isolando mais e mais, a ponto de não ter por perto nem as pessoas que amo. Minha desculpa é que ELAS não me entenderiam, ELAS me julgariam e não gostariam de mim. Quando na verdade era eu quem não as entendia, eu que as julgava e que não gostava de tê-las por perto.
Tudo começou a mudar quando eu notei que repetia com minha irmã o padrão de relacionamento que minha mãe tinha comigo. Não entendia porque ela era tão diferente de mim, logo ela deveria estar errada, claro! Tentava moldá-la à minha imagem, me frustrava e então me afastava. Quando o que ela mais precisava era de alguém pra apoiá-la. Como precisei da nossa mãe quando tinha a idade dela. Mas no meu caso, nessa idade, eu ainda tinha uma mãe, ela não!
Eu entendi a tempo o que se passava, e consegui recuperar um relacionamento que de outra forma, não mais existiria. E é um dos blocos na minha vontade de melhorar. E com certeza é uma das pessoas que mais amo no mundo. Eu a amo do jeitinho que ela é, e principalmente por isso. Por ela ser ela mesma, genuína, e completamente diferente de mim.
Outra história tão esdrúxula quanto essa, é que no início do relacionamento com meu esposo, eu achei que não daríamos certo porque ele gosta de música eletrônica. Vê se pode?! Nós temos um universo de similaridades, mas ele gostava de música eletrônica (que à época eu não gostava) além das músicas que eu gostava. Ridículo! E por essa eu devo agradecer a uma moça amiga de amigas minhas, com quem fui pra um show em Laranjeiras em 2011, por dar na minha cara com a realidade de quão estúpido era esse parâmetro.
O fato é que é normal que nos aproximemos mais de pessoas parecidas com a gente. Mas ao nos afastar de pessoas diferentes, estamos perdendo oportunidades. Oportunidade de conhecer coisas novas, de gostar de outras coisas, além das coisas que já conhecemos e gostamos. E perdemos a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas e únicas do seu próprio jeito.
E eu tenho pensado muito nisso agora, porque estou fazendo um curso de corte e costura com mulheres maravilhosas, e TODAS bem diferentes de mim. E hoje eu soube que o curso poderia ter parado por agora, e eu não as veria mais. E a realidade é que como não temos muita coisa em comum, dificilmente alguém iria querer a amizade dessa coisinha estranha que sou. E mesmo que o curso acabe hoje, ou daqui a um ou dois meses, eu vou sentir muita falta delas. Sentirei falta até de discordar delas.
E assim uma reflexão virou uma declaração à minha turma e professoras. Obrigada pelo carinho e atenção toda semana. Espero aproveitar bem o tempo com vocês. Vejo vocês segunda! ;)
Tudo começou a mudar quando eu notei que repetia com minha irmã o padrão de relacionamento que minha mãe tinha comigo. Não entendia porque ela era tão diferente de mim, logo ela deveria estar errada, claro! Tentava moldá-la à minha imagem, me frustrava e então me afastava. Quando o que ela mais precisava era de alguém pra apoiá-la. Como precisei da nossa mãe quando tinha a idade dela. Mas no meu caso, nessa idade, eu ainda tinha uma mãe, ela não!
Eu entendi a tempo o que se passava, e consegui recuperar um relacionamento que de outra forma, não mais existiria. E é um dos blocos na minha vontade de melhorar. E com certeza é uma das pessoas que mais amo no mundo. Eu a amo do jeitinho que ela é, e principalmente por isso. Por ela ser ela mesma, genuína, e completamente diferente de mim.
Outra história tão esdrúxula quanto essa, é que no início do relacionamento com meu esposo, eu achei que não daríamos certo porque ele gosta de música eletrônica. Vê se pode?! Nós temos um universo de similaridades, mas ele gostava de música eletrônica (que à época eu não gostava) além das músicas que eu gostava. Ridículo! E por essa eu devo agradecer a uma moça amiga de amigas minhas, com quem fui pra um show em Laranjeiras em 2011, por dar na minha cara com a realidade de quão estúpido era esse parâmetro.
O fato é que é normal que nos aproximemos mais de pessoas parecidas com a gente. Mas ao nos afastar de pessoas diferentes, estamos perdendo oportunidades. Oportunidade de conhecer coisas novas, de gostar de outras coisas, além das coisas que já conhecemos e gostamos. E perdemos a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas e únicas do seu próprio jeito.
E eu tenho pensado muito nisso agora, porque estou fazendo um curso de corte e costura com mulheres maravilhosas, e TODAS bem diferentes de mim. E hoje eu soube que o curso poderia ter parado por agora, e eu não as veria mais. E a realidade é que como não temos muita coisa em comum, dificilmente alguém iria querer a amizade dessa coisinha estranha que sou. E mesmo que o curso acabe hoje, ou daqui a um ou dois meses, eu vou sentir muita falta delas. Sentirei falta até de discordar delas.
E assim uma reflexão virou uma declaração à minha turma e professoras. Obrigada pelo carinho e atenção toda semana. Espero aproveitar bem o tempo com vocês. Vejo vocês segunda! ;)
terça-feira, 6 de novembro de 2018
Maneiras de se convencer a agir
Há anos venho dizendo que quero ser produtiva, mais amigável, enfim, mais viva! Bem recentemente, estava desesperada, não conseguia funcionar nem para coisas básicas. A internet, que sempre foi meu ponto de apoio e aprendizado, também é o meu vórtice de procrastinação. Anos e anos gastos pesquisando, lendo, vendo vídeos e tutoriais de como fazer de um a tudo. Nunca parando pra realmente me aprofundar em FAZER alguma coisa. Ao invés disso, me contentava em ver outros fazendo. Isso não é lógico! É preciso mudar!
Sempre fui muito autocrítica, e me encarregava de me estapear metaforicamente (e as vezes até literalmente) por coisas que deveria ter feito, e coisas que não deveria ter feito. Mas, estou tentando ser mais gentil comigo mesma. Parar de me criticar tanto, e me pré-ocupar tanto do futuro. Preceitos de mindfulness (meditação) que tenho aprendido e empreendido o quanto posso em minha vida. Mas talvez eu estivesse sendo muito gentil... Os princípios de mindfulness nos dizem pra não nos punir por termos nossos pensamentos desviados enquanto tentamos meditar, e nos guiar à concentração novamente. Bem, eu só não me punia, mas continuava a alimentar pensamentos monstros e hábitos horríveis, como procrastinar, reclamar de tudo e dormir o máximo de tempo que podia. A vida é o que a gente faz dela.
Outro conceito que sempre soou um alarme dentro de mim é o de self indulgence (ou autocomplacência), que significa sempre se perdoar e se gratificar. Pois bem, dar um tapinha nas próprias costas e continuar a fazer o mesmo erro é o que me deixa mal, cansei! Isso não quer dizer que não posso me perdoar, mas que ao me perdoar, eu me corrija, exatamente como funciona na meditação.
E é basicamente isso que tenho feito nos últimos dias. Estou torcendo pra ser uma daquelas resoluções de mudança de vida, e não só eu tendo mais uma crise de hipomania.
Mas, pra quem se importa, aí vão algumas metas recém pensadas (e algumas iniciadas):
P.S.¹: Ah, eu descobri que alguém lê esse blog (não só os bots do Google), como não sei se posso revelá-la aqui, vai ficar anônima. Mas vai minha gratidão pelas palavras generosas. Espero trazer algo útil pra outras pessoas além de mim mesma. Um beijo pra você que me lê!
P.S.²: Eu comecei a ler novamente o livro Atenção plena – Mindfulness: Como encontrar a paz em um mundo frenético de Danny Penman, Mark Williams. Eu acho que todo mundo deveria meditar, e eu acredito que um dia, todo mundo fará isso. Será primordial para a saúde, como academia e Yoga são hoje. Outras sugestões são os apps de meditação Head Space (não sei se tem em português) a voz dele é perfeita, aqui está o canal com animações fofas e o voiceover dele , só pra você ter uma noção e querer mais https://www.youtube.com/user/Getsomeheadspace, o app Cíngulo: Autoconhecimento, que mescla exercícios, meditação guiada e autoconhecimento para amenizar e ajudar em crises de ansiedade, estresse ou desanimo e o app Daylio: Diário - Controle de humor, uma forma super prática e simples de monitorar seu humor e manter um diário com atividades mostradas por símbolos que você mesmo escolhe, tudo é personalizável e prático. Todas essas dicas de quem recentemente ficou sem Android, e não sente falta nenhuma. To muito bem no mundo offline, e eventualmente usando o PC, na maior parte pra pesquisas e blogar mesmo.
Sempre fui muito autocrítica, e me encarregava de me estapear metaforicamente (e as vezes até literalmente) por coisas que deveria ter feito, e coisas que não deveria ter feito. Mas, estou tentando ser mais gentil comigo mesma. Parar de me criticar tanto, e me pré-ocupar tanto do futuro. Preceitos de mindfulness (meditação) que tenho aprendido e empreendido o quanto posso em minha vida. Mas talvez eu estivesse sendo muito gentil... Os princípios de mindfulness nos dizem pra não nos punir por termos nossos pensamentos desviados enquanto tentamos meditar, e nos guiar à concentração novamente. Bem, eu só não me punia, mas continuava a alimentar pensamentos monstros e hábitos horríveis, como procrastinar, reclamar de tudo e dormir o máximo de tempo que podia. A vida é o que a gente faz dela.
Outro conceito que sempre soou um alarme dentro de mim é o de self indulgence (ou autocomplacência), que significa sempre se perdoar e se gratificar. Pois bem, dar um tapinha nas próprias costas e continuar a fazer o mesmo erro é o que me deixa mal, cansei! Isso não quer dizer que não posso me perdoar, mas que ao me perdoar, eu me corrija, exatamente como funciona na meditação.
E é basicamente isso que tenho feito nos últimos dias. Estou torcendo pra ser uma daquelas resoluções de mudança de vida, e não só eu tendo mais uma crise de hipomania.
Mas, pra quem se importa, aí vão algumas metas recém pensadas (e algumas iniciadas):
- Fazer agroecologia (agrofloresta, permacultura) - Porque é necessário, gratificante, e é mexendo na terra, vendo as plantas e árvores crescendo, as joaninhas, e insetos que nunca vi antes, pássaros e aves que nem conhecia... É assim que eu me sinto viva e bem. É quando to sentada, agachada ou ajoelhada no chão, reverenciando a mãe natureza, com a mão na terra, que olho pro céu e sinto aquela alegria enorme de viver que dá até vontade de chorar. A alegria da conexão com a natureza. O plus disso é ter alimento sem agrotóxico. Comer mais legumes, verduras e frutas, coisas que amo! E acredite, tudo é muito mais saboroso quando a gente mesmo que plantou, colheu e preparou. Isso sim é riqueza!
- Ter uma vida social - Eu sei, eu estou engatinhando para ter relações saudáveis com familiares, amigos e conhecidos. E eu quero ter pessoas por perto. Quero poder ajudar pessoas também.
- Criar um negócio - Todos esses anos, e eu nunca senti necessidade de ganhar dinheiro. Sempre me contentei com pouco, e sempre fui muito insubordinada pra ter um trabalho formal, com patrão, obediência e tarefas. Eu poderia só cuidar aqui do sítio, dos bichos e das plantas e me dar por satisfeita. Apoiar quem gera renda numa família, também é trabalho, sem sombra de dúvidas. Mas eu quero ser independente financeiramente. Não porque me sinto obrigada. Mas porque quero ter renda também. Quero fazer coisas, as quais não acho correto tirar da renda única que temos para sobreviver, mas quero ter essas experiências, e quero promover certas coisas, e aí só com dinheiro mesmo. Já até estou pensando no que fazer. Por enquanto a ideia é um zigoto, mas é mais promissora do que as que tive no passado. Não me fará rica, tem potencial de agregar outras pessoas, e casa com o estilo de vida que venho conquistando aos poucos, e do qual falarei a seguir.
- Sustentabilidade - Porque nós consumimos muito mais do que o planeta pode nos oferecer de forma saudável pra ele, e para todos os seres vivos que ele contém. É por isso que não dá mais para viver sem pensar nas consequências de nossas ações. E eu venho pensando muito sobre isso, e me martirizando a respeito. Mudando hábitos e atitudes. E é crescente. O que eu ainda não consegui fazer, tipo: parar de aceitar copos descartáveis, sacolas plásticas, canudo plástico, guardanapo, enfim, parar de gerar tanto lixo, é minha prioridade agora! É possível viver sem gerar nenhum lixo, reaproveitando TUDO, tudo mesmo! Mas, eu posso nunca chegar a esse nível, alguns sacrifícios podem ser demais pra mim. Mas certamente a maioria, nem é demais, e é até muito mais benéfico do que só usar algo sem me questionar sobre. Eu adoro reutilizar algo que iria pro lixo, ou ser a receptora de algo que não tinha mais serventia pra outra pessoa, criar algo útil de algo que iria prejudicar a natureza ou outras pessoas... Depois eu posso escrever sobre isso por aqui. Sobre nossas aventuras com compostagem e minimalismo, por exemplo.
P.S.¹: Ah, eu descobri que alguém lê esse blog (não só os bots do Google), como não sei se posso revelá-la aqui, vai ficar anônima. Mas vai minha gratidão pelas palavras generosas. Espero trazer algo útil pra outras pessoas além de mim mesma. Um beijo pra você que me lê!
P.S.²: Eu comecei a ler novamente o livro Atenção plena – Mindfulness: Como encontrar a paz em um mundo frenético de Danny Penman, Mark Williams. Eu acho que todo mundo deveria meditar, e eu acredito que um dia, todo mundo fará isso. Será primordial para a saúde, como academia e Yoga são hoje. Outras sugestões são os apps de meditação Head Space (não sei se tem em português) a voz dele é perfeita, aqui está o canal com animações fofas e o voiceover dele , só pra você ter uma noção e querer mais https://www.youtube.com/user/Getsomeheadspace, o app Cíngulo: Autoconhecimento, que mescla exercícios, meditação guiada e autoconhecimento para amenizar e ajudar em crises de ansiedade, estresse ou desanimo e o app Daylio: Diário - Controle de humor, uma forma super prática e simples de monitorar seu humor e manter um diário com atividades mostradas por símbolos que você mesmo escolhe, tudo é personalizável e prático. Todas essas dicas de quem recentemente ficou sem Android, e não sente falta nenhuma. To muito bem no mundo offline, e eventualmente usando o PC, na maior parte pra pesquisas e blogar mesmo.
sexta-feira, 2 de novembro de 2018
Mudaram as estações...
Por Enquanto - Legião Urbana
Mudaram as estaçõesE nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre sempre acaba
Mas nada vai conseguir mudar
O que ficou
Quando penso em alguém, só penso em você
E aí então estamos bem
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
E nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa
Eu fico cantarolando músicas para me conformar... Essa é a mais recente. Eu não tenho saúde mental para lidar com todas as notícias preocupantes, todos os disparos de violência e violações validados por discursos de ordem e ódio. Estou muito desanimada e preocupada com as minorias, o meio ambiente e o futuro de todos nós. Sim, eu quero, mais do que nunca, estar errada sobre todas essas minhas preocupações, mas é pintar nas mídias sociais e ser bombardeada por alardeamentos de arrepiar. Como fiz a escolha de um pouco antes das eleições não usar o Instagram, estou fazendo a escolha de voltar a me afastar do Facebook. Não dá! Eu quero ser forte, ser resistência, apoiar outras pessoas. Mas minha paranoia, minha empatia não deixam. Eu sinto dor fisicamente e estou em estado constante de alerta. Eu realmente não tenho saúde mental para isso! Mas quero ter.
Continuarei escrevendo por aqui, pois isso contribui pra minha sanidade. Quando escrevo me entendo, me acalmo... É isso!
domingo, 28 de outubro de 2018
Desejo, necessidade, vontade...?!
Eu tenho, ao escrever esse texto, trinta anos, a poucos dias de completar trinta e um. Estou casada há quase sete anos, e já tem um tempinho que começaram as cobranças por um filho, um "fruto" da nossa união.
Durante toda a minha vida antes do Edson, eu nunca me imaginei como mãe, no sentido de ter alguém criado e saído de meu ventre. Mas, em várias oportunidades vislumbrei a possibilidade de ser mãe adotiva, e coisas do tipo.
No iniciozinho do nosso relacionamento eu assisti um filme chamado "O Lutador", e lembro de ter uma vontade forte de ter um filho biológico. A verdade é que acho que não entendi o filme direito na época, e estava muito sensibilizada ainda com a morte de minha mãe. Depois disso, o mesmo desejo em momentos de desespero em meio a crises depressivas muito fortes, e por fim, como resultado de pressão dos meus sogros que, naturalmente desejam netos.
Mas hoje, eu não sinto desejo, necessidade ou mesmo vontade de gerar um filho. Adotar volta e meia é um pensamento recorrente, e aqui vai o porquê: sei que muitas crianças orfãs precisam de alguém que as ame, e que cuide de verdade delas. Não tenho necessidade de laços sanguíneos para amar. Mas há um porém, uma criança que já foi rejeitada, as vezes a partir do seu nascimento (ou concebimento), precisa de alguém forte, e que saiba lidar com suas necessidades e peculiaridades. E eu, por minha vez, ainda não me sinto segura de dizer que sou essa pessoa.
Ter um filho, ou adotar uma criança, que seja, significa ser responsável por uma vida. Ser responsável pelo que será daquele ser, daquele momento por toda a sua vida. É permanente, e é a coisa que mais necessita de sua atenção e total responsabilidade. Tendo dito isso, sim é assim mesmo que vejo. E por isso mesmo, eu acredito que fazer um filho, ou mesmo criá-lo, não te faz um bom pai/mãe. Há muito mais envolvido no processo. E muita gente nunca deveria ter filho. Por enquanto, uma dessas pessoas sou eu.
Estou ciente que não existe uma paternidade/maternidade perfeita. Mas um pai ou mãe tem que prover o essencial para a formação de seu filho. E eu não estou falando apenas da parte material, isso é importante. Mas tem um papel, ao meu ver, até secundário. Uma criança precisa de estabilidade e segurança emocional, um lar sem conflitos, oportunidades para crescer e ser ela mesma, uma certa liberdade e senso de responsabilidade, inclusive por si mesma, e claro, carinho, atenção e amor. E isso alguém que ainda está tentando se encontrar, que não está resolvido, que não está preparado emocional e financeiramente, não pode prover.
Na infância é que formamos nosso caráter, é que definimos, muitas vezes, como seremos por toda nossa vida. E não é justo que a gente ponha filho no mundo porque ache que é nossa obrigação - nós não estamos vivendo um período de baixa no número de humanos, pelo contrário! Eu entendo que há pessoas que sonham em ser pai/mãe, que assim o seja, mas primeiro que organize sua vida, saiba que está pronto pra esse comprometimento irrevogável. Entenda a sua responsabilidade como progenitor/progenitora. Não tenha filho porque acha que deve, você não tem obrigação com sua espécie; porque seus pais/sogros ou apenas seu companheiro/companheira deseja; pra segurar alguém ao seu lado num relacionamento - isso não funciona, e ainda tem o potencial de te fazer sozinho e com um filho pra criar, que por vezes, não terá muito contato com o pai ou mãe, ou os dois, já que se trata de um objeto de barganha e frustração; ou ainda, porque você quer um mini-me seu ou de seu parceiro ou parceira: uma criança é outro ser, e por mais que você se esforce pra educá-lo à sua maneira, ele vai ter os próprios princípios - é assim que o mundo avança, por sinal. Pense em quando estava crescendo, e em como você mesmo é diferente de seus pais.
Em oportunidades anteriores, conversando com conhecidos e amigos, a gente sempre passa por momentos "curiosos" falando sobre o assunto. Tem a parte de ter um filho ser uma coisa sagrada na vida de um casal, o que não nos toca, já que ambos não somos religiosos. Uns olhares tortos, e uma frases do tipo: Ah, vocês ainda vão mudar esse pensamento depois. E a gente fica sem ter argumentos. É claro que a gente pode mudar de ideia depois quanto a querer, o fato é que depois de ter um filho, é que você não pode voltar atrás. Esse é nosso pensamento atual, é óbvio, e como tudo no universo, pode não ser definitivo. A situação que consideramos mais engraçada é quando o casal (ou indivíduo) está reclamando da vida de pai/mãe, do trabalho que dá, de como sua vida nunca mais será tranquila, da responsabilidade, falta de liberdade, daí quando a gente diz que não quer ter filho, o discurso vira outro e aí a pessoa diz que a gente precisa ter filho, porque é bom também, é a alegria da pessoa, é alguém pra cuidar de você quando velho. Que ao nosso ver, é o motivo mais desonesto para se ter um filho. Se você pensa assim, invista algum dinheiro a longo prazo ou faça uma poupança. Dá menos gasto, não irá te decepcionar e é certo de que vai lhe servir em sua velhice (quem sabe você possa pagar uma casa de repouso). Nem todo mundo tem cabeça pra cuidar dos pais quando esses envelhecem, eu sei que é triste, mas é fato. Não é garantia que seu filho ou filha vá querer isso. E não é justo pra ele ou ela, que em sua vida adulta tenha que desistir de sonhos e oportunidades pra cuidar dos pais. É drama demais!
Por fim, isso aqui são devaneios incompletos sobre o que significa pra mim ser mãe ou pai. O que representa ser o cuidador/cuidadora de uma criança. E como você não precisa ser pai ou mãe pra ter uma vida completa.
Tenha filhos, mas apenas se perceber o peso disso, e mesmo assim esteja disposto a arcar com todos os contras. Como tudo nessa vida, é uma decisão que deve ser muito bem pensada. E por enquanto, eu estou do lado dos que não desejam ser pais. Eu ainda quero aproveitar a vida de casal ao lado do Edson, e ser a cuidadora de muitos seres, mas todos bem mais simples que um ser humano.
P.S.: O título desse texto vem de uma música dos Titãs, composta por Arnaldo Antunes, Sérgio Britto e Marcelo Frommer chamada "Comida". E sua letra ilustra bem o que falo sobre o material ser o básico, mas que outros aspectos entram no que é essencial em nossa formação.
Durante toda a minha vida antes do Edson, eu nunca me imaginei como mãe, no sentido de ter alguém criado e saído de meu ventre. Mas, em várias oportunidades vislumbrei a possibilidade de ser mãe adotiva, e coisas do tipo.
No iniciozinho do nosso relacionamento eu assisti um filme chamado "O Lutador", e lembro de ter uma vontade forte de ter um filho biológico. A verdade é que acho que não entendi o filme direito na época, e estava muito sensibilizada ainda com a morte de minha mãe. Depois disso, o mesmo desejo em momentos de desespero em meio a crises depressivas muito fortes, e por fim, como resultado de pressão dos meus sogros que, naturalmente desejam netos.
Mas hoje, eu não sinto desejo, necessidade ou mesmo vontade de gerar um filho. Adotar volta e meia é um pensamento recorrente, e aqui vai o porquê: sei que muitas crianças orfãs precisam de alguém que as ame, e que cuide de verdade delas. Não tenho necessidade de laços sanguíneos para amar. Mas há um porém, uma criança que já foi rejeitada, as vezes a partir do seu nascimento (ou concebimento), precisa de alguém forte, e que saiba lidar com suas necessidades e peculiaridades. E eu, por minha vez, ainda não me sinto segura de dizer que sou essa pessoa.
Ter um filho, ou adotar uma criança, que seja, significa ser responsável por uma vida. Ser responsável pelo que será daquele ser, daquele momento por toda a sua vida. É permanente, e é a coisa que mais necessita de sua atenção e total responsabilidade. Tendo dito isso, sim é assim mesmo que vejo. E por isso mesmo, eu acredito que fazer um filho, ou mesmo criá-lo, não te faz um bom pai/mãe. Há muito mais envolvido no processo. E muita gente nunca deveria ter filho. Por enquanto, uma dessas pessoas sou eu.
Estou ciente que não existe uma paternidade/maternidade perfeita. Mas um pai ou mãe tem que prover o essencial para a formação de seu filho. E eu não estou falando apenas da parte material, isso é importante. Mas tem um papel, ao meu ver, até secundário. Uma criança precisa de estabilidade e segurança emocional, um lar sem conflitos, oportunidades para crescer e ser ela mesma, uma certa liberdade e senso de responsabilidade, inclusive por si mesma, e claro, carinho, atenção e amor. E isso alguém que ainda está tentando se encontrar, que não está resolvido, que não está preparado emocional e financeiramente, não pode prover.
Na infância é que formamos nosso caráter, é que definimos, muitas vezes, como seremos por toda nossa vida. E não é justo que a gente ponha filho no mundo porque ache que é nossa obrigação - nós não estamos vivendo um período de baixa no número de humanos, pelo contrário! Eu entendo que há pessoas que sonham em ser pai/mãe, que assim o seja, mas primeiro que organize sua vida, saiba que está pronto pra esse comprometimento irrevogável. Entenda a sua responsabilidade como progenitor/progenitora. Não tenha filho porque acha que deve, você não tem obrigação com sua espécie; porque seus pais/sogros ou apenas seu companheiro/companheira deseja; pra segurar alguém ao seu lado num relacionamento - isso não funciona, e ainda tem o potencial de te fazer sozinho e com um filho pra criar, que por vezes, não terá muito contato com o pai ou mãe, ou os dois, já que se trata de um objeto de barganha e frustração; ou ainda, porque você quer um mini-me seu ou de seu parceiro ou parceira: uma criança é outro ser, e por mais que você se esforce pra educá-lo à sua maneira, ele vai ter os próprios princípios - é assim que o mundo avança, por sinal. Pense em quando estava crescendo, e em como você mesmo é diferente de seus pais.
Em oportunidades anteriores, conversando com conhecidos e amigos, a gente sempre passa por momentos "curiosos" falando sobre o assunto. Tem a parte de ter um filho ser uma coisa sagrada na vida de um casal, o que não nos toca, já que ambos não somos religiosos. Uns olhares tortos, e uma frases do tipo: Ah, vocês ainda vão mudar esse pensamento depois. E a gente fica sem ter argumentos. É claro que a gente pode mudar de ideia depois quanto a querer, o fato é que depois de ter um filho, é que você não pode voltar atrás. Esse é nosso pensamento atual, é óbvio, e como tudo no universo, pode não ser definitivo. A situação que consideramos mais engraçada é quando o casal (ou indivíduo) está reclamando da vida de pai/mãe, do trabalho que dá, de como sua vida nunca mais será tranquila, da responsabilidade, falta de liberdade, daí quando a gente diz que não quer ter filho, o discurso vira outro e aí a pessoa diz que a gente precisa ter filho, porque é bom também, é a alegria da pessoa, é alguém pra cuidar de você quando velho. Que ao nosso ver, é o motivo mais desonesto para se ter um filho. Se você pensa assim, invista algum dinheiro a longo prazo ou faça uma poupança. Dá menos gasto, não irá te decepcionar e é certo de que vai lhe servir em sua velhice (quem sabe você possa pagar uma casa de repouso). Nem todo mundo tem cabeça pra cuidar dos pais quando esses envelhecem, eu sei que é triste, mas é fato. Não é garantia que seu filho ou filha vá querer isso. E não é justo pra ele ou ela, que em sua vida adulta tenha que desistir de sonhos e oportunidades pra cuidar dos pais. É drama demais!
Por fim, isso aqui são devaneios incompletos sobre o que significa pra mim ser mãe ou pai. O que representa ser o cuidador/cuidadora de uma criança. E como você não precisa ser pai ou mãe pra ter uma vida completa.
Tenha filhos, mas apenas se perceber o peso disso, e mesmo assim esteja disposto a arcar com todos os contras. Como tudo nessa vida, é uma decisão que deve ser muito bem pensada. E por enquanto, eu estou do lado dos que não desejam ser pais. Eu ainda quero aproveitar a vida de casal ao lado do Edson, e ser a cuidadora de muitos seres, mas todos bem mais simples que um ser humano.
P.S.: O título desse texto vem de uma música dos Titãs, composta por Arnaldo Antunes, Sérgio Britto e Marcelo Frommer chamada "Comida". E sua letra ilustra bem o que falo sobre o material ser o básico, mas que outros aspectos entram no que é essencial em nossa formação.
quarta-feira, 10 de outubro de 2018
Pronta para me amar mais
Recentemente decidi olhar para dentro, e me vendo, percebi que muitas definições que tinha sobre mim não são certas, ou justas. E outras são simples delírios de uma mente tomada por visões de grandiosidade de si mesma.
Quando estou mal, o que é a maior parte do tempo de minha vida, mesmo quando respondo entusiasmada que estou ótima, me vejo como um grande erro, que sou uma pessoa má, que eu poderia fazer mais por mim mesma, mas principalmente, pelas pessoas que amo, e até pelas pessoas com quem acho que deveria me importar mais. Eu não sou o suficiente, eu não sou o que preciso, ou precisam que eu seja, basicamente, que sou um erro que nunca deveria ter existido. Eu me isolo, me encolho, fico ressentida com tudo o que me dizem, e acho que todo comentário é uma indireta pra mim. Muitas vezes eu sinto que já deu, já vivi mais do que deveria, não tenho vontade de fazer absolutamente nada, mesmo as coisas mais básicas. E isso tudo, sem nada na minha vida justificar esses sentimentos tão intensos e ruins. Eu posso dizer a você que, agora, minha vida só poderia ser melhor, se assim eu a fizesse. E nessas vezes que minto que estou bem, é porque depois de muito reclamar do acaso, e das pessoas ao meu redor, notei que eu é que tenho a chave da minha própria felicidade, eu sou a responsável por ela, mais ninguém. E me faz bem não culpar ninguém, não me lamentar, não arrastar outras pessoas comigo.
Essa parte é embaraçosa, mas vamos lá: quando estou bem, sinto que sou capaz de tudo, sinto que sou mega inteligente, habilidosa, super criativa, sexy e bonita (hilária inclusive). E me pergunto como é que eu me afogo em tanto sentimento ruim, e tanta tarefa acumulada, se é tão "simples e fácil" ficar bem. Nesses momentos que penso em como ser a pessoa que esperam que eu seja, funcional, tendo um trabalho que me traga algum dinheiro e satisfação, em como me manter organizada, em como ter minha casa sempre limpa, em como ser o pilar da minha família, em como ajudar todo mundo, inclusive minha comunidade. Daí eu tenho milhares de "ideias brilhantes", faço mil planos, me convenço de que tudo é simples e que eu não preciso de ajuda, porque eu posso fazer tudo sozinha, certamente. Nunca acontece tudo ao mesmo tempo, ou eu me organizo e organizo a casa, ou eu faço planos mirabolantes, que nunca nem chegam a serem completamente pensados, e promessas que eu sei que não há chance alguma de serem cumpridas. É quando tomo decisões por impulso também, ou falo coisas das quais me envergonho e me arrependo depois.
Imagino quão complicado é para as pessoas que convivem comigo, que não são muitas, por sinal, me verem oscilar entre uma pessoa amável, amiga, acessível e capaz ou que é completamente crítica de todo mundo e dá sermões e conselhos não solicitados, pra alguém que não tem ânimo pra sair da cama ou sofá, que se odeia, e que não consegue manter compromissos, tem medo de fazer qualquer coisa, ou odeia tudo, alguém que está estagnado, que não consegue viver!
E pra quem pode estar pensando em "ah, o que você precisa é de Deus", ou "isso é frescura, mimimi", cara eu queria que você estivesse cem porcento certo! Eu não me importo de estar errada, quando eu estar errada, é a solução. Mas, eu cheguei aqui, nesse nível de esclarecimento sobre mim mesma, o que é só o começo por sinal, nunca parando de me questionar, e me angustiar com a falta de respostas para tanta coisa importante. E principalmente, vencendo o medo de fazer as perguntas que mais receio as respostas.
Agora eu acredito que estou mais perto de entender o que me faz eu. O porque do meu desejo de ser melhor não é o suficiente pra me mover, e é a mesma coisa que me faz sentir como lixo. E estou mais do que pronta para receber ajuda e tentar saber quem sou eu fora desses extremos, e me amar por completo, e funcionar com uma célula normal nesse organismo que somos nós humanos vivendo em sociedade. E ter um papel positivo para as pessoas que posso tocar.
Eu ainda não fui diagnosticada, sendo que ainda não marquei nenhuma consulta. Estou obtendo informações, coletando dados, evidências e fazendo uma reflexão profunda sobre mim e meu comportamento durante toda minha vida (e sim, isso tudo ainda pode ser uma desculpa para não ter feito algo necessário por inúmeras razões, dinheiro sendo a principal. Já falei que sou mão de vaca pra gastar dinheiro comigo?). Por isso não vou dizer o que acho que eu devo ter. Mas se você se identificou com algumas coisas que leu aqui, nós podemos ser irmãs ou irmãos de um certo transtorno, e eu pretendo compartilhar minhas descobertas, e falar sobre saúde mental sempre. Meu intuito é desmistificar transtornos mentais e auxiliar pessoas que precisam, a buscar a ajuda necessária. E sim, pra isso é necessário falar sobre minha vida, minhas experiências, meu defeitos e angústias. Por isso, eu não escrevo para você que se sente uma pessoa "normal", e que acha tudo que eu escrevi absurdo e sem sentido. Por você eu só posso ficar feliz. Mas, para as outras pessoas, as pessoas que não se encontraram ainda, e as que sentem que nunca irão. Pega aqui a minha mão, e vamos em frente! ;*
terça-feira, 2 de outubro de 2018
No caminho.
Estava aqui pensando como já fui ignorante, no sentido de falta de conhecimento mesmo. Como me importei com pré-conceitos e preconceitos que me foram passados por osmose pela minha família, escola, religião (eu fui católica até meus quinze anos)... E o quanto fui infeliz por isso. O quanto, enquanto sob o domínio disso, eu era rasa, diria até vazia mesmo. Privando-me de conhecer outras pessoas, outras culturas, de me conhecer principalmente.
Tem sido um longo caminho, e nos momentos de clareza, como este, eu noto o quanto de conhecimento conquistei até aqui. E eu sei que eu tenho tanto mais para melhorar e crescer, quanto eu melhorei e cresci até agora.
E claro que eu não vim aqui me vangloriar de quão melhor pessoa eu sou por isso ou por aquilo. Venho mesmo sugerir que mantenha sua mente aberta. Não pense que sabe tudo sobre a pessoa ou assunto, a ponto de poder fazer juízo e emitir qualquer opinião. Nada é tão simples! E mais conhecimento sobre um assunto, certamente não vai doer, nem em você, e muito menos na próxima pessoa que você possa ofender com a sua "opinião" baseada em pensamentos que não foram elaborados por você, mas sim, quase que certamente, induzidos ou simplesmente passados como um vírus ou doença genética.
Da próxima vez que estiver pronto pra expelir palavras agressivas, tente entender de onde vem essa raiva, e qual a importância do que você acha sobre alguém ou algo. Você vai se decepcionar, muito provavelmente. E mesmo que seus pensamentos não importem pro ouvinte, a forma que você os entrega, ou seja, suas palavras, podem machucar.
Tem sido um longo caminho, e nos momentos de clareza, como este, eu noto o quanto de conhecimento conquistei até aqui. E eu sei que eu tenho tanto mais para melhorar e crescer, quanto eu melhorei e cresci até agora.
E claro que eu não vim aqui me vangloriar de quão melhor pessoa eu sou por isso ou por aquilo. Venho mesmo sugerir que mantenha sua mente aberta. Não pense que sabe tudo sobre a pessoa ou assunto, a ponto de poder fazer juízo e emitir qualquer opinião. Nada é tão simples! E mais conhecimento sobre um assunto, certamente não vai doer, nem em você, e muito menos na próxima pessoa que você possa ofender com a sua "opinião" baseada em pensamentos que não foram elaborados por você, mas sim, quase que certamente, induzidos ou simplesmente passados como um vírus ou doença genética.
Da próxima vez que estiver pronto pra expelir palavras agressivas, tente entender de onde vem essa raiva, e qual a importância do que você acha sobre alguém ou algo. Você vai se decepcionar, muito provavelmente. E mesmo que seus pensamentos não importem pro ouvinte, a forma que você os entrega, ou seja, suas palavras, podem machucar.
quinta-feira, 27 de setembro de 2018
Vamos falar sobre saúde mental novamente?
Dentre muitas características da minha personalidade, uma eu não consigo classificar como defeito ou qualidade. Eu gosto de resolver meus próprios problemas sozinha. Talvez em áreas mais práticas da minha vida, isso tenha sido bastante útil. Acho que até descobri novas habilidades por conta disso. Mas quando se trata da minha saúde mental, quando experimento coisas novas para me colocar num estado melhor, eu até percebo uma melhora visível, só pra depois voltar para um estado similar ao que me encontrava antes.
Como já mencionei aqui, me reaproximar da minha família, e de outras pessoas que em algum momento foram importantes pra mim, mesmo que de forma tímida e as vezes completamente virtual, me deixou sentindo que esse é o caminho. Tentar aceitar que todo mundo tem defeitos, inclusive eu, e tá tudo bem também. Começar finalmente a fazer coisas que sempre quis fazer, e parar de dar mil desculpas pra não ter começado antes... Nossa, me deixou nas nuvens!
Como fazer uns canteirinhos com o Edson e Mateus e plantar umas coisinhas. Finalmente costurar uma peça que não era pra mim, e fazer alguém feliz com isso. Eu fiquei extasiada por um tempo com esses feitos. É o que me movia a acordar todos os dias. Dar comida e água pros bichos e regar e cuidar dos canteiros. Ter um dia na semana dedicado a ver, ouvir e cuidar de minha irmã e vó, foi uma coisa que eu pensei: poxa, por que não fiz isso antes?! E as coisas na minha vida só poderiam estar melhor, se assim eu desejasse. Eu até comecei um curso de corte e costura, coisa que queria desde que me entendo por gente... Mas, em algum momento, tudo começou a desandar novamente dentro de mim. E eu percebi que não adianta, eu não vou melhorar sozinha... Tudo isso me fez bem, claro. Mas por si só, não conta como "tratamento".
Bem recentemente (tipo hoje, enquanto cuidava dos bichos), admiti que meu problema pode ser um pouco mais grave do que eu imaginei a minha vida toda. E é difícil pra mim, fazer alguma coisa a respeito. Agir de forma ativa para tentar sanar isso. Todos os sentimentos de auto dúvida, sobre se vale a pena gastar dinheiro comigo mesma, e outros sentimentos negativos, os quais não vale nem a pena mencionar. Sim, eu não gosto de gastar dinheiro, quem dirá gastar comigo mesma. Talvez daí se origine todo esse espírito de "faça você mesma" que eu tenho.
Mas eu sei que uma hora a gente passa do ponto de respirar fundo, reconhecer que talvez só um profissional seja capaz de lidar com aquele problema. E finalmente pedir ajuda. É isso, eu espero muito em breve começar a fazer terapia.
Eu quero que você note que, nada disso aconteceu da noite pro dia. Eu estou num processo longo de auto descoberta e auto aceitação. Admitir meus defeitos e problemas (inclusive os de ordem mental) é essencial para me encontrar, me amar de verdade... E não apenas nos momentos em que estou me sentindo bem.
Há muito mais coisas pras quais não tenho resposta ainda, e provavelmente nunca terei. Mas agora que a busca começou, eu não consigo parar! Desejem-me boa sorte. E, se alguém ler isso aqui, dentro em breve eu pretendo escrever um texto sobre como a gente pode ter depressão e outros transtornos de ordem mental, sem que nada justifique bem isso na nossa vida atual. Pois é exatamente isso que acontece comigo.
Caso eu tenha algum leitor que não seja um bot, obrigada por ler até aqui. Ah, e se você precisa de ajuda, com qualquer coisa, eu posso ao menos escutá-lo. Até mais!
P.S.: A quem possa pensar que eu estou me expondo demais escrevendo sobre minha vida e saúde mental na internet. Eu não faço isso por piedade, nem algo do tipo. Eu faço isso por dois motivos: um é que escrever me ajuda a colocar os pensamentos em ordem, entender o que realmente estou sentindo. E o principal, é que em vários momentos, eu li textos, vi vídeos, ou qualquer peça de arte e afins de pessoas com problemas, que compartilham isso, pra que um dia seja algo de que possamos falar abertamente. E não um tabú, que leva tanta gente ainda hoje, a morrer em silêncio. E com isso eu só quero aumentar esse movimento. Mostrar que quando nos mostramos vulneráveis, é que somos mais fortes!
Como já mencionei aqui, me reaproximar da minha família, e de outras pessoas que em algum momento foram importantes pra mim, mesmo que de forma tímida e as vezes completamente virtual, me deixou sentindo que esse é o caminho. Tentar aceitar que todo mundo tem defeitos, inclusive eu, e tá tudo bem também. Começar finalmente a fazer coisas que sempre quis fazer, e parar de dar mil desculpas pra não ter começado antes... Nossa, me deixou nas nuvens!
Como fazer uns canteirinhos com o Edson e Mateus e plantar umas coisinhas. Finalmente costurar uma peça que não era pra mim, e fazer alguém feliz com isso. Eu fiquei extasiada por um tempo com esses feitos. É o que me movia a acordar todos os dias. Dar comida e água pros bichos e regar e cuidar dos canteiros. Ter um dia na semana dedicado a ver, ouvir e cuidar de minha irmã e vó, foi uma coisa que eu pensei: poxa, por que não fiz isso antes?! E as coisas na minha vida só poderiam estar melhor, se assim eu desejasse. Eu até comecei um curso de corte e costura, coisa que queria desde que me entendo por gente... Mas, em algum momento, tudo começou a desandar novamente dentro de mim. E eu percebi que não adianta, eu não vou melhorar sozinha... Tudo isso me fez bem, claro. Mas por si só, não conta como "tratamento".
Bem recentemente (tipo hoje, enquanto cuidava dos bichos), admiti que meu problema pode ser um pouco mais grave do que eu imaginei a minha vida toda. E é difícil pra mim, fazer alguma coisa a respeito. Agir de forma ativa para tentar sanar isso. Todos os sentimentos de auto dúvida, sobre se vale a pena gastar dinheiro comigo mesma, e outros sentimentos negativos, os quais não vale nem a pena mencionar. Sim, eu não gosto de gastar dinheiro, quem dirá gastar comigo mesma. Talvez daí se origine todo esse espírito de "faça você mesma" que eu tenho.
Mas eu sei que uma hora a gente passa do ponto de respirar fundo, reconhecer que talvez só um profissional seja capaz de lidar com aquele problema. E finalmente pedir ajuda. É isso, eu espero muito em breve começar a fazer terapia.
Eu quero que você note que, nada disso aconteceu da noite pro dia. Eu estou num processo longo de auto descoberta e auto aceitação. Admitir meus defeitos e problemas (inclusive os de ordem mental) é essencial para me encontrar, me amar de verdade... E não apenas nos momentos em que estou me sentindo bem.
Há muito mais coisas pras quais não tenho resposta ainda, e provavelmente nunca terei. Mas agora que a busca começou, eu não consigo parar! Desejem-me boa sorte. E, se alguém ler isso aqui, dentro em breve eu pretendo escrever um texto sobre como a gente pode ter depressão e outros transtornos de ordem mental, sem que nada justifique bem isso na nossa vida atual. Pois é exatamente isso que acontece comigo.
Caso eu tenha algum leitor que não seja um bot, obrigada por ler até aqui. Ah, e se você precisa de ajuda, com qualquer coisa, eu posso ao menos escutá-lo. Até mais!
P.S.: A quem possa pensar que eu estou me expondo demais escrevendo sobre minha vida e saúde mental na internet. Eu não faço isso por piedade, nem algo do tipo. Eu faço isso por dois motivos: um é que escrever me ajuda a colocar os pensamentos em ordem, entender o que realmente estou sentindo. E o principal, é que em vários momentos, eu li textos, vi vídeos, ou qualquer peça de arte e afins de pessoas com problemas, que compartilham isso, pra que um dia seja algo de que possamos falar abertamente. E não um tabú, que leva tanta gente ainda hoje, a morrer em silêncio. E com isso eu só quero aumentar esse movimento. Mostrar que quando nos mostramos vulneráveis, é que somos mais fortes!
quarta-feira, 22 de agosto de 2018
O preço do individualismo
Esses dias, enquanto lavava louça, lembrei do trecho de um poema que sintetiza bem o que venho tentando acatar em minha vida recentemente. A consideração e preocupação com o próximo, seja o próximo quem for. Eu tendo, egoistamente, a me fechar no meu próprio mundo. Alheia assim as necessidades e desejos das outras pessoas ao meu redor. Desde quem quer apenas desfrutar de minha companhia (sabe-se lá por qual motivo!), ou quem precisa de algo que eu posso prover. É lógico que aqui estou iniciando com uma reflexão micro, mas mais tarde chegaremos onde realmente importa.
Ao pesquisar, descobri que são poemas, no plural, e de mais de um indivíduo. Então, irei pedir licença para apresentá-los aqui:
Martin Niemöller
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar."
Intertexto -- Bertold Brecht
"Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo."
No caminho com Maiakóvski
Eduardo Alves da Costa
"Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada."
Todos esses textos representados acima, refletem sobre como se importar e lutar pelo próximo, significa na realidade, se importar consigo mesmo. Não desmerecendo o altruísmo*, mas trazendo-o para a crua realidade de nós humanos como espécie. O altruísmo, e a empatia são como mecanismos de autopreservação. Logo, não se importar com o outro, a ponto de desumanizá-lo para justificar nossa negligência ou mesmo atitudes prejudiciais, fará com que não tenhamos mais voz válida quando for o nosso momento de necessidade.
Por mais doce que seja pensar que nos bastamos na vida, que somos autossuficientes. A verdade é que somos seres totalmente dependentes uns dos outros, seja por companhia, aprovação, e indispensáveis (ou não) serviços e produtos. Como seres integrados em sociedade não temos o hábito de parar pra pensar o quanto precisamos do outro. Então, lá vai uma sugestão de exercício: faça notas mentais (se preferir, anote mesmo em papel ou no celular), de tudo que usou ou fez hoje, e que não seria possível se outra pessoa não pudesse providenciar ou dispor pra você. Talvez você note a importância de pessoas em quem usualmente você não pensa, ou não dá o devido crédito. Desde o agricultor que cultiva os alimentos que fazem parte de suas refeições três ou mais vezes ao dia (espero eu que pelo menos três), a sua mãe que acorda cedo para fazer seu café da manhã, ou a roupa que está usando que pode ter sido feita do outro lado do mundo por várias pessoas.
Nem todas as pessoas farão por você sem que possam receber algo em troca, nem todo mundo tem o interesse genuíno em sua existência (como seus pais, por exemplo), mas todos estamos numa teia de contribuição para mantermos uns aos outros. Que tal refletir sobre isso? Notar que somos seres da mesma espécie, com o mesmo objetivo (sermos felizes) e interferir na vida do outro APENAS para que esse alcance a felicidade, ou a mantenha. Claro que falo isso a respeito do dia-a-dia. Eu sei que há crimes a serem punidos, e pessoas que precisam de ajuda para enxergar o mal que fazem. Por isso que peço: pensem sempre se o que está fazendo prejudicará alguém, e aja de acordo com o que mais se encaixa com o pensamento de: não farei ao outro, o que não desejo que façam a mim. Porque o que acontece quando pensamos de uma forma, e agimos de outra, é que adoecemos. É de extrema importância que tenhamos o amor em mente, e que bons sentimentos guiem nossas escolhas. E nunca feche os olhos para uma injustiça, seja ela com quem for. Mesmo com aqueles que são o completo avesso do que nós somos. Injustiça é exatamente o que significa.
*altruísmo
https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/ciro-protesta-com-poesia-mas-erra-o-autor/n1237597600680.html
Apesar de esse link conter notícia sobre um presidenciável, quero dizer que sou avessa a conversar sobre o assunto, pois não tenho nada e nem ninguém para defender. É apenas a fonte conveniente dos textos que precisava para essa reflexão. Traduzindo: me deixem fora dessa!
Ao pesquisar, descobri que são poemas, no plural, e de mais de um indivíduo. Então, irei pedir licença para apresentá-los aqui:
Martin Niemöller
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar."
Intertexto -- Bertold Brecht
"Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo."
No caminho com Maiakóvski
Eduardo Alves da Costa
"Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada."
Todos esses textos representados acima, refletem sobre como se importar e lutar pelo próximo, significa na realidade, se importar consigo mesmo. Não desmerecendo o altruísmo*, mas trazendo-o para a crua realidade de nós humanos como espécie. O altruísmo, e a empatia são como mecanismos de autopreservação. Logo, não se importar com o outro, a ponto de desumanizá-lo para justificar nossa negligência ou mesmo atitudes prejudiciais, fará com que não tenhamos mais voz válida quando for o nosso momento de necessidade.
Por mais doce que seja pensar que nos bastamos na vida, que somos autossuficientes. A verdade é que somos seres totalmente dependentes uns dos outros, seja por companhia, aprovação, e indispensáveis (ou não) serviços e produtos. Como seres integrados em sociedade não temos o hábito de parar pra pensar o quanto precisamos do outro. Então, lá vai uma sugestão de exercício: faça notas mentais (se preferir, anote mesmo em papel ou no celular), de tudo que usou ou fez hoje, e que não seria possível se outra pessoa não pudesse providenciar ou dispor pra você. Talvez você note a importância de pessoas em quem usualmente você não pensa, ou não dá o devido crédito. Desde o agricultor que cultiva os alimentos que fazem parte de suas refeições três ou mais vezes ao dia (espero eu que pelo menos três), a sua mãe que acorda cedo para fazer seu café da manhã, ou a roupa que está usando que pode ter sido feita do outro lado do mundo por várias pessoas.
Nem todas as pessoas farão por você sem que possam receber algo em troca, nem todo mundo tem o interesse genuíno em sua existência (como seus pais, por exemplo), mas todos estamos numa teia de contribuição para mantermos uns aos outros. Que tal refletir sobre isso? Notar que somos seres da mesma espécie, com o mesmo objetivo (sermos felizes) e interferir na vida do outro APENAS para que esse alcance a felicidade, ou a mantenha. Claro que falo isso a respeito do dia-a-dia. Eu sei que há crimes a serem punidos, e pessoas que precisam de ajuda para enxergar o mal que fazem. Por isso que peço: pensem sempre se o que está fazendo prejudicará alguém, e aja de acordo com o que mais se encaixa com o pensamento de: não farei ao outro, o que não desejo que façam a mim. Porque o que acontece quando pensamos de uma forma, e agimos de outra, é que adoecemos. É de extrema importância que tenhamos o amor em mente, e que bons sentimentos guiem nossas escolhas. E nunca feche os olhos para uma injustiça, seja ela com quem for. Mesmo com aqueles que são o completo avesso do que nós somos. Injustiça é exatamente o que significa.
*altruísmo
substantivo masculino
- filosofiasegundo o pensamento de Comte 1798-1857, tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação com o outro e que, não obstante sua atuação espontânea, deve ser aprimorada pela educação positivista, evitando-se assim a ação antagônica dos instintos naturais do egoísmo.
- amor desinteressado ao próximo; filantropia, abnegação.
Apesar de esse link conter notícia sobre um presidenciável, quero dizer que sou avessa a conversar sobre o assunto, pois não tenho nada e nem ninguém para defender. É apenas a fonte conveniente dos textos que precisava para essa reflexão. Traduzindo: me deixem fora dessa!
Martin Niemöller, símbolo da resistência aos nazistas - 1933
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar."Fonte: Último Segundo - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/ciro-protesta-com-poesia-mas-erra-o-autor/n1237597600680.html
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar."Fonte: Último Segundo - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/ciro-protesta-com-poesia-mas-erra-o-autor/n1237597600680.html
Martin Niemöller, símbolo da resistência aos nazistas - 1933
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar."Fonte: Último Segundo - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/ciro-protesta-com-poesia-mas-erra-o-autor/n1237597600680.html
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar."Fonte: Último Segundo - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/ciro-protesta-com-poesia-mas-erra-o-autor/n1237597600680.html
Martin Niemöller, símbolo da resistência aos nazistas - 1933
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar."Fonte: Último Segundo - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/ciro-protesta-com-poesia-mas-erra-o-autor/n1237597600680.html
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar."Fonte: Último Segundo - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/ciro-protesta-com-poesia-mas-erra-o-autor/n1237597600680.html
quinta-feira, 9 de agosto de 2018
Sobre o que nunca foi segredo
Há um tempo que venho pensando em como me envolver com a causa LGBTQ+, em como ajudar pessoas que possam estar passando por problemas para se assumir, ou mesmo para aceitar a si próprio. Tentei encontrar aliados por aqui na cidade, mas não conheço muita gente (antisocial que sou), e as pessoas gostam do conforto de não precisar militar a respeito de nada. Resolvi então fazer o mais básico, aparecer, dizer que estou aqui, e quem eu sou.
A letra que me representa na sigla, ainda hoje é bastante controversa. Se por um lado temos a liberdade de nunca precisar sair do armário quando em um relacionamento hétero, por outro, ao nos assumirmos corremos o risco de sermos rechaçados no nosso próprio meio, e no caso de nós mulheres (junte a isso o machismo), assediadas por homens héteros afim de realizar fantasias sexuais com suas parceiras.
Depois de várias conversas a respeito com meu esposo, decidi que eu deveria sair do armário, que entrei sem querer ao me comprometer com ele. Minha orientação sexual nunca foi segredo, mas ao entrar na minha nova família, não foi algo que quis revelar para os meus sogros de gerações tão distantes da minha. Nem pessoas do nosso convívio, que com o tempo se mostraram homofóbicas. E eu permaneci calada, até agora. Mas, ao continuar assim, eu não estou apenas negando parte do que me faz eu, como também estou nos ferindo como causa.
Acredito que não tenho nada a perder nesse momento em minha vida, e estou cansada de ficar em silêncio. Eu nunca tive, e nunca terei vergonha de ser quem eu sou. E se alguém tem qualquer problema com isso, eu sinto muito. Mas não diz respeito a mim, só a você.
Sempre acreditei que preconceito pode ser uma questão de pura ignorância, e portanto, fácil de consertar. Nesse caso, eu aceito perguntas a respeito da causa LGBTQ+, contanto que sejam feitas com bom espírito, e de dúvidas genuínas. E se você faz parte da sigla, e pode se manifestar, não fique em silêncio. Quanto mais de nós vier à tona, mais a sociedade terá a oportunidade de entender, que não há nada de errado conosco. Que somos iguais aos demais, e que por amar quem amamos, não dá direito a ninguém de nos odiar. Porque ser LGBTQ+ não é só sobre com quem nos relacionamos sexualmente, é sobre uma luta pelo direito ao amor. O direito, que sim, deve ser universal, de ser amado e de amar.
Pretendo escrever muito mais sobre esse assunto no futuro. Principalmente nesses tempos obscuros que estamos vivendo.
Eu preciso agradecer a pessoa mais importante na minha vida, por sempre me dar apoio, e por aceitar essa causa comigo. Eu queria que todo mundo fosse um pouco como você Edson.
So, I'm here, and I'm queer!
A letra que me representa na sigla, ainda hoje é bastante controversa. Se por um lado temos a liberdade de nunca precisar sair do armário quando em um relacionamento hétero, por outro, ao nos assumirmos corremos o risco de sermos rechaçados no nosso próprio meio, e no caso de nós mulheres (junte a isso o machismo), assediadas por homens héteros afim de realizar fantasias sexuais com suas parceiras.
Depois de várias conversas a respeito com meu esposo, decidi que eu deveria sair do armário, que entrei sem querer ao me comprometer com ele. Minha orientação sexual nunca foi segredo, mas ao entrar na minha nova família, não foi algo que quis revelar para os meus sogros de gerações tão distantes da minha. Nem pessoas do nosso convívio, que com o tempo se mostraram homofóbicas. E eu permaneci calada, até agora. Mas, ao continuar assim, eu não estou apenas negando parte do que me faz eu, como também estou nos ferindo como causa.
Acredito que não tenho nada a perder nesse momento em minha vida, e estou cansada de ficar em silêncio. Eu nunca tive, e nunca terei vergonha de ser quem eu sou. E se alguém tem qualquer problema com isso, eu sinto muito. Mas não diz respeito a mim, só a você.
Sempre acreditei que preconceito pode ser uma questão de pura ignorância, e portanto, fácil de consertar. Nesse caso, eu aceito perguntas a respeito da causa LGBTQ+, contanto que sejam feitas com bom espírito, e de dúvidas genuínas. E se você faz parte da sigla, e pode se manifestar, não fique em silêncio. Quanto mais de nós vier à tona, mais a sociedade terá a oportunidade de entender, que não há nada de errado conosco. Que somos iguais aos demais, e que por amar quem amamos, não dá direito a ninguém de nos odiar. Porque ser LGBTQ+ não é só sobre com quem nos relacionamos sexualmente, é sobre uma luta pelo direito ao amor. O direito, que sim, deve ser universal, de ser amado e de amar.
Pretendo escrever muito mais sobre esse assunto no futuro. Principalmente nesses tempos obscuros que estamos vivendo.
Eu preciso agradecer a pessoa mais importante na minha vida, por sempre me dar apoio, e por aceitar essa causa comigo. Eu queria que todo mundo fosse um pouco como você Edson.
So, I'm here, and I'm queer!
segunda-feira, 18 de junho de 2018
Mudança de hábito
Há uns treze anos atrás eu larguei a escola logo no início do ano letivo. Era a segunda vez que isso acontecia. Mas era a primeira vez que eu sabia o motivo: depressão!
Nessa época, falar sobre depressão não era algo aceitável. Era quase como sair do armário nos dias atuais. Exceto o ódio. Diziam que era porque você não tinha Deus no coração, e coisas semelhantes. Como sou ateia, algumas pessoas poderiam até imaginar que tinham razão.
Você ouvia histórias sobre casos mais extremos. Como de pessoas que ficavam loucas, ou perdiam o cabelo, ou ainda, adoeciam tanto fisicamente, a ponto de serem finalmente levadas a sério. Uma lástima!
Nesse ano, eu estava estudando a noite, e uma professora de Educação Física resolveu, após tocar no assunto, fazer um trabalho em sala sobre depressão. Foi ela anunciar o que queria, eu já entrei em pânico.
Fomos divididos em grupos de quatro ou cinco pessoas, não recordo bem. E o bendito trabalho consistia em fazer uma breve apresentação sobre depressão, valia encenar ou escrever uma poesia, algo criativo e artístico. Na época eu escrevia, pra caramba (pena quantidade não querer dizer qualidade!). Inclusive, o que teimosamente eu chamava de poesia. Mas eu travei. O tema era pessoal demais pra mim, e eu entrei em parafuso. Tínhamos quinze minutos ou meia hora (faz tempo, não recordo tão bem) para bolar algo. Eu não consegui criar nada, e pra mim, eu também prejudiquei o grupo com meu estado. Afinal, estava muito alterada, e eles tentavam me acalmar o tempo todo.
Fomos divididos em grupos de quatro ou cinco pessoas, não recordo bem. E o bendito trabalho consistia em fazer uma breve apresentação sobre depressão, valia encenar ou escrever uma poesia, algo criativo e artístico. Na época eu escrevia, pra caramba (pena quantidade não querer dizer qualidade!). Inclusive, o que teimosamente eu chamava de poesia. Mas eu travei. O tema era pessoal demais pra mim, e eu entrei em parafuso. Tínhamos quinze minutos ou meia hora (faz tempo, não recordo tão bem) para bolar algo. Eu não consegui criar nada, e pra mim, eu também prejudiquei o grupo com meu estado. Afinal, estava muito alterada, e eles tentavam me acalmar o tempo todo.
Resultado: toda a turma criou algo, apresentou com sucesso, e ao questionar ao meu grupo sobre a nossa apresentação, e ser informada que não tínhamos nada, a professora olhou pra mim desapontada e falou diretamente comigo (ou ao menos foi o que percebi na época) que não esperava isso de mim, ou algo do tipo.
Saí de lá em prantos. Não creio que a aula dela era a última, mas saí correndo do colégio. Olhos tão anuviados que não enxergava nada à minha frente. Eu tinha mania de querer vagar sem sentido, quando tinha crises. E nessa noite, pedi pro Ramon e o Alysson me acompanharem (confesso que não recordo se saímos andando ou não). Chorei, reclamei, queria mesmo morrer. E resolvi então que não queria mais ver os colegas que eu tinha prejudicado, e muito menos a professora, a quem eu tinha desapontado, e que não tinha tido a sensibilidade de perceber o motivo. Pensando bem, não é como se ela tivesse uma bola de cristal, né?
Contar isso a alguém, e pedir ajuda estava completamente fora de questão! Por isso que mesmo sendo uma excelente aluna, à época, eu largava a escola assim que tinha uma crise, e os professores ficavam sem pista de porquê. Era um estigma que eu não estava pronta para mostrar ao mundo. E também não queria que sentissem por mim, e me favorecessem por isso de alguma forma. E foi assim que eu passei os próximos quatro ou cinco anos. Até ser vencida pelo cansaço e me render à prova do Supletivo. Lembro que não ter terminado o ensino médio, só acrescentava ainda mais à minha depressão. Mas eu queria realmente aprender, por isso resistia tanto ao Supletivo. Mas a melhor coisa foi tirar esse entrave do meu caminho. Melhorou bastante minha ansiedade, e minha autoimagem.
Não sei por que exatamente, mas senti vontade de contar essa história. Isso foi há muito tempo, e de lá pra cá muita coisa finalmente mudou. Apesar de que admitir que tenho depressão, e que preciso aprender a conviver com isso, seja algo muito, mas muito recente em minha vida. Hoje é bom saber que eu não preciso encarar isso sozinha. E é bom ter o apoio e a compreensão das pessoas que me amam, e estão ao meu lado.
Se você também sofre de depressão, saiba que não há vergonha nisso. E que você não precisa ter motivos no mundo real pra justificar esses sentimentos e emoções.
Uma a cada quatro pessoas sofre de depressão no mundo. Umas mais severas ou leves do que a sua. Mas você com certeza conhece mais alguém no mesmo estado que o seu. As vezes essas pessoas só não admitem, portanto, não procuram ajuda, e nada muda.
Os tratamentos para depressão são os mais variados possíveis, basicamente qualquer coisa pode funcionar como terapia. Inclusive hobbies, fazer novas amizades, estar em contato com animais e a natureza, fazer trabalho voluntário, expressar-se criativamente, terapia com psicólogo, e em alguns casos, até tomar antidepressivos pode funcionar. Mas uma coisa que nunca vai fazer você melhorar é sofrer sozinho! O isolamento é como combustível para a depressão, e eu demorei mais do que deveria pra entender isso.
Admitir que tem algo errado, e não ter receio de procurar ajuda e apoio dos que o amam, é essencial para começar a se sentir melhor. Acredite em mim!
Eu quero aqui agradecer à minha família, meus irmãos, minha vó e ao meu Edson e meus sogros, por se importarem e cuidarem de mim. É por conta de vocês que eu tenho vontade de seguir.
E se alguém precisa de ajuda, eu posso tentar guiá-los na busca de apoio. E saiba que você vale muito!
quinta-feira, 19 de abril de 2018
Solidão
Estar sozinha me trás emoções ambivalentes. Ao mesmo tempo que anseio, temo. Desde que me entendo por gente eu aprecio ficar sozinha. Sempre associado com um tempo pra mim, pra ouvir meus próprios pensamentos, tomar meu tempo pra resolver o que é preciso, ou só fazer coisas sem ser julgada, como dançar pela casa inteira, andar pelada ou cochilar durante o dia. Mas, por conta da depressão, é também um momento onde estar só com meus pensamentos não é uma coisa fácil, nem desejável.
Quando meu esposo e eu nos apaixonamos e nos casamos, eu achei que minha saúde mental iria melhorar, afinal de contas, eu tinha tudo o que sempre desejei. Eu queria que fosse tão simples! A verdade é que eu tenho sido menos aberta a aproximação de pessoas em geral, inclusive família. O que me traz a hoje: zero amigos, e tentando desesperadamente me conectar com minha família. Anos atrás eu nunca pensei que falta de amizades poderia ser um problema pra mim. Eu acreditava que tinha vários amigos. Quando na verdade, eu colecionava conhecidos, e era a única pessoa amiga da maior parte das relações que mantinha.
É difícil pra mim perceber o quanto necessito de interações sociais pra me sentir bem. Racionalmente, ao menos pra mim, o convívio com o Edson já deveria cobrir isso. E pra ele, também um introvertido, já é o suficiente. Mas pra mim não. Eu choro pela deterioração de minhas habilidades sociais. Pelo fato de ter brigado com meu único amigo, e de não conseguir fazer novas amizades. A verdade é que eu não quero me dar ao trabalho de conhecer novas pessoas, por medo de me decepcionar com elas, ou pior, de não as cativar. Eu ponho muito peso no significado da palavra amizade. Eu idealizo o que deve ser uma amizade perfeita, pois já tive muitas decepções! Tendo dito isso, sei que decepcionei também.
Tenho que lembrar sempre que todo mundo merece ser feliz, ser apreciado e amado. Que todo mundo tem o direito de encontrar pessoas que queiram compartilhar sua vida, que se sintam a vontade com alguém, que saibam que pode contar com aquela pessoa, que se sinta ouvido e entendido, tenha alguém pra compartilhar as coisas que o deixa feliz, e pra ouví-lo quando tudo vai mal também, alguém que fique feliz em ser seu amigo. Então, se todo mundo tem esse direito, eu também tenho.
Bem, o fato é que ficar sozinho encarando paredes, não é exatamente o que desejo pra ninguém, muito menos pra mim. A solidão precisa ser uma opção, e não uma situação. E o truque é que isso depende apenas de mim. De eu sair da caverna e ir explorar o mundo lá fora, que está cheio de coisas e pessoas de verdade, e não as sombras que constantemente analiso desenhadas na parede. O negócio é que é mais fácil falar do que fazer, como tudo nessa vida. Vamos torcer pra que eu consiga.
Quando meu esposo e eu nos apaixonamos e nos casamos, eu achei que minha saúde mental iria melhorar, afinal de contas, eu tinha tudo o que sempre desejei. Eu queria que fosse tão simples! A verdade é que eu tenho sido menos aberta a aproximação de pessoas em geral, inclusive família. O que me traz a hoje: zero amigos, e tentando desesperadamente me conectar com minha família. Anos atrás eu nunca pensei que falta de amizades poderia ser um problema pra mim. Eu acreditava que tinha vários amigos. Quando na verdade, eu colecionava conhecidos, e era a única pessoa amiga da maior parte das relações que mantinha.
É difícil pra mim perceber o quanto necessito de interações sociais pra me sentir bem. Racionalmente, ao menos pra mim, o convívio com o Edson já deveria cobrir isso. E pra ele, também um introvertido, já é o suficiente. Mas pra mim não. Eu choro pela deterioração de minhas habilidades sociais. Pelo fato de ter brigado com meu único amigo, e de não conseguir fazer novas amizades. A verdade é que eu não quero me dar ao trabalho de conhecer novas pessoas, por medo de me decepcionar com elas, ou pior, de não as cativar. Eu ponho muito peso no significado da palavra amizade. Eu idealizo o que deve ser uma amizade perfeita, pois já tive muitas decepções! Tendo dito isso, sei que decepcionei também.
Tenho que lembrar sempre que todo mundo merece ser feliz, ser apreciado e amado. Que todo mundo tem o direito de encontrar pessoas que queiram compartilhar sua vida, que se sintam a vontade com alguém, que saibam que pode contar com aquela pessoa, que se sinta ouvido e entendido, tenha alguém pra compartilhar as coisas que o deixa feliz, e pra ouví-lo quando tudo vai mal também, alguém que fique feliz em ser seu amigo. Então, se todo mundo tem esse direito, eu também tenho.
Bem, o fato é que ficar sozinho encarando paredes, não é exatamente o que desejo pra ninguém, muito menos pra mim. A solidão precisa ser uma opção, e não uma situação. E o truque é que isso depende apenas de mim. De eu sair da caverna e ir explorar o mundo lá fora, que está cheio de coisas e pessoas de verdade, e não as sombras que constantemente analiso desenhadas na parede. O negócio é que é mais fácil falar do que fazer, como tudo nessa vida. Vamos torcer pra que eu consiga.
terça-feira, 17 de abril de 2018
Redes sociais nunca mais?!
Essa publicação foi minha despedida do Facebook no dia 24 de março de 2018.
A quem interessar: Eu não estou usando o Facebook diretamente há um tempo. E recentemente também o Twitter e o Instagram saíram da minha rotina. Fiz isso tanto para me livrar de maus hábitos que havia criado, quanto pelo ambiente tóxico que encontro quando uso às redes sociais. A dicotomia que parece irreversível, alimentada por um mercado criado para nos confundir e desinformar, com o único intuito de se aproveitar da situação e conseguir nos "vender" soluções em forma de o "salvador da pátria".
Talvez não adiante muito vir aqui e pedir bom senso. Afinal estamos vivendo um tempo que as notícias reais, por vezes são ainda mais absurdas do que as notícias inventadas. Mas, por favor, tenham um pouco de atenção e cuidado ao compartilharem notícias que recebem por aqui, e principalmente pelo WhatsApp. Principalmente se o noticiado te deixou indignado ou estupefato. As notícias falsas são criadas justamente para isso. Pois é esse tipo de emoção que nos motiva a passar pra frente, a conversar sobre com os nossos conhecidos. Uma simples pesquisa no Google, uma visita ao site do E-farsas, www.e-farsas.com pode prevenir um comportamento que está prejudicando a humanidade, não só nós brasileiros. E que é tão fácil de ocorrer nesses tempos de internet e imediatismo.
Eu recomendo ainda, para os que não podem, ou não querem se afastar das redes sociais, compartilhem algo que te trouxe alegria ao invés de indignação. Alguma notícia boa que te fez ter esperança de que tudo vai ficar bem. Ou simplesmente algo maravilhoso e simples, que por nos dar como garantido nós não agradecemos. Ou algo extraordinariamente maravilhoso que você descobriu. Eu tenho certeza que há muitas coisas positivas no mundo ao nosso redor.
Nós não precisamos nos tornar alienados achando que tudo está bem no mundo, mas o contrário é ainda mais perigoso. E ao invés de repassar correntes, notícias (falsas ou não), aquela foto que você acha bonita com uma mensagem pronta, que tal apenas dizer "oi, tudo bem?!" para aquele amigo de quem sente falta, pro seu irmão que não vê há um tempo, ou simplesmente pra aquela pessoa legal com quem sempre quis conversar e nunca teve oportunidade. O melhor de tudo é que você pode fazer isso na vida real também. E que tal perguntar isso a si mesmo?! Você está bem?!
Com isso eu venho dizer que o Facebook não tem lugar pra mim. A vida online está complicada demais, e eu resolvi tirar um tempo pra focar em mim mesma. Eu aconselho o mesmo pra todos que desejarem um ano mais tranquilo. Aos demais, saiam de suas bolhas. E nem aconselho ouvir o outro lado, pois só há extremos em toda parte. Assistam aos vlogs do Maurício Ricardo do site www.charges.com.br (e agora canal do YouTube), ele também tem página aqui no Facebook. E aconselho fortemente que ouçam podcasts. Os meus preferidos são o NBW que fala sobre política e sociedade, tanto no nível nacional, quanto internacional. E o maravilhoso podcast Mamilos que trata de assuntos polêmicos com imparcialidade e empatia. Tenham um ótimo fim de semana, e um bom ano, na medida do possível. Cuidem de si mesmos!
___
Para deletar para sempre sua conta do Facebook não é tão simples, ao excluir normalmente na página de configurações, você só coloca sua conta em suspensão, e pode voltar a ela a qualquer momento, é só logar normalmente. Se você, como eu, tem interesse em deletar de vez sua conta do Facebook, precisa usar esse link facebook.com/help/delete_account, se certifiquem antes, se assim desejarem, de salvar todas as suas publicações na rede social. Isso pode ser feito em configurações gerais da conta, clicando no link no fim da página que diz "baixe uma cópia de seus dados do Facebook". Bem, depois de feito o backup, e deletado sua conta, você ainda terá 14 dias para mudar de ideia. Se você quer entender melhor como fazer isso veja esse artigo do Techtudo http://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2015/03/como-excluir-seu-facebook-e-encerrar-de-vez-com-sua-conta.html.
Se você quer motivos para fazer isso ouça os podcasts:
http://www.b9.com.br/89010/mamilos-141-quem-quer-privacidade/
http://www.b9.com.br/88463/mamilos-139-fake-news/
http://podcastnbw.com/archives/1079
Inclusive recomendo ouvir sempre esses dois podcasts, porque vale muito a pena.
Eu acabei excluindo também o Twitter. Quando comecei a usá-lo ano passado estava apaixonada, tornou-se um vício bem rápido, passei um tempo sem usá-lo (como uma desintoxicação), e ao retornar, notei quão tóxico é o ambiente do Twitter, onde as pessoas falam o que vem na cabeça delas, e atacam uns aos outros sem dó nem piedade.
Restaram então o Instagram, e o Youtube. Confesso que já fui viciada no Instagram também, hoje mal entro. E o que dizer do Youtube? É uma relação complicada de amor e ódio. Pra mim, tem muito potencial, mas é desperdiçado na esmagadora maioria dos casos. Seria muito bom se fosse só uma forma de compartilhar novidades, experiências e conhecimento (entre outras coisas boas), ou mesmo como forma de denúncia, quando necessário. Seria ótimo se fosse justo, se todo mundo pudesse ser remunerado, se pudesse ser um meio de vida, sem necessidade de transformar ninguém em grande youtuber. A desigualdade na sociedade se transferiu e se instalou muito rápido por lá. Mas também admito que é tudo o que eu disse antes, e mais. É uma forma de pessoas que não se encaixavam na sociedade encontrar seu espaço, criando conteúdo (bom ou ruim), e sim ajudou e ajuda muita gente, tanto os que criam conteúdo, como nós que consumimos. Por isso meu amor e ódio por ele.
Eu não usava mídias sociais há um tempo (desde 2012), e voltar a elas ano passado me mostrou que realmente não é meu lugar, mas talvez tenha sido o tempo que eu decidi voltar também, não foi o melhor momento. Nos primeiros dias sem Twitter eu me sentia perdendo. Perdendo o contato com as pessoas legais com quem interagia por lá. Perdendo as últimas notícias (relevantes ou não) que estão acontecendo no Brasil e no mundo... Mas tudo isso foi passando. Do Facebook, que já não era tão fanática, como eu preferia não ver atualizações de ninguém, ou quase ninguém, só sinto falta mesmo dos Grupos de Star Trek e coisas das quais gostava. Claro, além de pessoas do meu passado com quem perdi o convívio, mas que me reencontraram por lá.
Quanto ao Instagram, confesso que se tivesse um meio eficiente de fazer backup como o Facebook e o Twitter, eu já teria deletado. Mas no caso, eu também não iria querer perder o contato de algumas pessoas que sigo por lá, já até fiz alguns vínculos. E o Youtube é aquela coisa: cansada dos criadores que estão mais preocupados em agradar do que fazer o que gostam, afinal números significa retorno financeiro. Mas, de forma alguma os culpo por isso, afinal como dizem, todo mundo tem boleto pra pagar, não é mesmo? Mas, isso faz com que a minha tentativa de diminuir meu consumo diário de vídeos no Youtube seja limitado aos poucos canais que realmente me cativaram, de pessoas que eu sei que o fazem com paixão.
Quanto a mais problemática das mídias sociais ultimamente, será que a gente pode chamar de mídia social? Bem, o Whatsapp, não é um problema grande pra mim, pois não o uso como mídia social, não participo de grupos, nem mesmo de família! É só uma forma de me comunicar com as pessoas, quando eu preciso, ou elas precisam falar comigo. Infelizmente isso alimenta minha ansiedade as vezes. Já pensei em deletar do meu aparelho? Já! Mas não fiz porque eu não gosto de falar ao telefone, e essa é a forma principal de comunicação aqui em casa.
Como por algum tempo as redes sociais foram um jeito seguro de emular interações sociais pra mim. Perder tudo isso (ou quase) bateu forte em mim, e eu tive sérias quedas com relação a minha saúde mental. Mas estou tentando voltar aos trilhos fazendo o que deveria ter feito há muito tempo. Estou tentando interagir com as pessoas que amo no mundo real. E eu vi um grande avanço pra mim.
Espero continuar assim. E esse blog é o meu jeito de não perder o hábito de escrever, escrever e escrever, como faço no meio falado, onde não paro a boca um segundo (sinto muito mesmo, pessoas que interagem comigo no mundo real). A diferença é que aqui ninguém é obrigado a me ouvir (ler). Mas, caso alguém leia isso, deixa um oi pra mim. Significaria o mundo pra essa aqui. E tiraria essa paranóia de que o pequeno número de leitores do meu blog, na verdade são bots do Google.
Por fim, aos que escolherem por continuar a usar as redes sociais, desejo empatia e amor. ;*
___
Pequeno disclaimer de 18 de junho de 2018: eu voltei a usar o Facebook. Nada demais, só queria manter o contato com algumas pessoas, e esse é um bom meio para isso. Ah, e também nunca cheguei a deletar o Instagram. Mas do Twitter, realmente tô fora. Ao menos até agora.
A quem interessar: Eu não estou usando o Facebook diretamente há um tempo. E recentemente também o Twitter e o Instagram saíram da minha rotina. Fiz isso tanto para me livrar de maus hábitos que havia criado, quanto pelo ambiente tóxico que encontro quando uso às redes sociais. A dicotomia que parece irreversível, alimentada por um mercado criado para nos confundir e desinformar, com o único intuito de se aproveitar da situação e conseguir nos "vender" soluções em forma de o "salvador da pátria".
Talvez não adiante muito vir aqui e pedir bom senso. Afinal estamos vivendo um tempo que as notícias reais, por vezes são ainda mais absurdas do que as notícias inventadas. Mas, por favor, tenham um pouco de atenção e cuidado ao compartilharem notícias que recebem por aqui, e principalmente pelo WhatsApp. Principalmente se o noticiado te deixou indignado ou estupefato. As notícias falsas são criadas justamente para isso. Pois é esse tipo de emoção que nos motiva a passar pra frente, a conversar sobre com os nossos conhecidos. Uma simples pesquisa no Google, uma visita ao site do E-farsas, www.e-farsas.com pode prevenir um comportamento que está prejudicando a humanidade, não só nós brasileiros. E que é tão fácil de ocorrer nesses tempos de internet e imediatismo.
Eu recomendo ainda, para os que não podem, ou não querem se afastar das redes sociais, compartilhem algo que te trouxe alegria ao invés de indignação. Alguma notícia boa que te fez ter esperança de que tudo vai ficar bem. Ou simplesmente algo maravilhoso e simples, que por nos dar como garantido nós não agradecemos. Ou algo extraordinariamente maravilhoso que você descobriu. Eu tenho certeza que há muitas coisas positivas no mundo ao nosso redor.
Nós não precisamos nos tornar alienados achando que tudo está bem no mundo, mas o contrário é ainda mais perigoso. E ao invés de repassar correntes, notícias (falsas ou não), aquela foto que você acha bonita com uma mensagem pronta, que tal apenas dizer "oi, tudo bem?!" para aquele amigo de quem sente falta, pro seu irmão que não vê há um tempo, ou simplesmente pra aquela pessoa legal com quem sempre quis conversar e nunca teve oportunidade. O melhor de tudo é que você pode fazer isso na vida real também. E que tal perguntar isso a si mesmo?! Você está bem?!
Com isso eu venho dizer que o Facebook não tem lugar pra mim. A vida online está complicada demais, e eu resolvi tirar um tempo pra focar em mim mesma. Eu aconselho o mesmo pra todos que desejarem um ano mais tranquilo. Aos demais, saiam de suas bolhas. E nem aconselho ouvir o outro lado, pois só há extremos em toda parte. Assistam aos vlogs do Maurício Ricardo do site www.charges.com.br (e agora canal do YouTube), ele também tem página aqui no Facebook. E aconselho fortemente que ouçam podcasts. Os meus preferidos são o NBW que fala sobre política e sociedade, tanto no nível nacional, quanto internacional. E o maravilhoso podcast Mamilos que trata de assuntos polêmicos com imparcialidade e empatia. Tenham um ótimo fim de semana, e um bom ano, na medida do possível. Cuidem de si mesmos!
___
Para deletar para sempre sua conta do Facebook não é tão simples, ao excluir normalmente na página de configurações, você só coloca sua conta em suspensão, e pode voltar a ela a qualquer momento, é só logar normalmente. Se você, como eu, tem interesse em deletar de vez sua conta do Facebook, precisa usar esse link facebook.com/help/delete_account, se certifiquem antes, se assim desejarem, de salvar todas as suas publicações na rede social. Isso pode ser feito em configurações gerais da conta, clicando no link no fim da página que diz "baixe uma cópia de seus dados do Facebook". Bem, depois de feito o backup, e deletado sua conta, você ainda terá 14 dias para mudar de ideia. Se você quer entender melhor como fazer isso veja esse artigo do Techtudo http://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2015/03/como-excluir-seu-facebook-e-encerrar-de-vez-com-sua-conta.html.
Se você quer motivos para fazer isso ouça os podcasts:
http://www.b9.com.br/89010/mamilos-141-quem-quer-privacidade/
http://www.b9.com.br/88463/mamilos-139-fake-news/
http://podcastnbw.com/archives/1079
Inclusive recomendo ouvir sempre esses dois podcasts, porque vale muito a pena.
Eu acabei excluindo também o Twitter. Quando comecei a usá-lo ano passado estava apaixonada, tornou-se um vício bem rápido, passei um tempo sem usá-lo (como uma desintoxicação), e ao retornar, notei quão tóxico é o ambiente do Twitter, onde as pessoas falam o que vem na cabeça delas, e atacam uns aos outros sem dó nem piedade.
Restaram então o Instagram, e o Youtube. Confesso que já fui viciada no Instagram também, hoje mal entro. E o que dizer do Youtube? É uma relação complicada de amor e ódio. Pra mim, tem muito potencial, mas é desperdiçado na esmagadora maioria dos casos. Seria muito bom se fosse só uma forma de compartilhar novidades, experiências e conhecimento (entre outras coisas boas), ou mesmo como forma de denúncia, quando necessário. Seria ótimo se fosse justo, se todo mundo pudesse ser remunerado, se pudesse ser um meio de vida, sem necessidade de transformar ninguém em grande youtuber. A desigualdade na sociedade se transferiu e se instalou muito rápido por lá. Mas também admito que é tudo o que eu disse antes, e mais. É uma forma de pessoas que não se encaixavam na sociedade encontrar seu espaço, criando conteúdo (bom ou ruim), e sim ajudou e ajuda muita gente, tanto os que criam conteúdo, como nós que consumimos. Por isso meu amor e ódio por ele.
Eu não usava mídias sociais há um tempo (desde 2012), e voltar a elas ano passado me mostrou que realmente não é meu lugar, mas talvez tenha sido o tempo que eu decidi voltar também, não foi o melhor momento. Nos primeiros dias sem Twitter eu me sentia perdendo. Perdendo o contato com as pessoas legais com quem interagia por lá. Perdendo as últimas notícias (relevantes ou não) que estão acontecendo no Brasil e no mundo... Mas tudo isso foi passando. Do Facebook, que já não era tão fanática, como eu preferia não ver atualizações de ninguém, ou quase ninguém, só sinto falta mesmo dos Grupos de Star Trek e coisas das quais gostava. Claro, além de pessoas do meu passado com quem perdi o convívio, mas que me reencontraram por lá.
Quanto ao Instagram, confesso que se tivesse um meio eficiente de fazer backup como o Facebook e o Twitter, eu já teria deletado. Mas no caso, eu também não iria querer perder o contato de algumas pessoas que sigo por lá, já até fiz alguns vínculos. E o Youtube é aquela coisa: cansada dos criadores que estão mais preocupados em agradar do que fazer o que gostam, afinal números significa retorno financeiro. Mas, de forma alguma os culpo por isso, afinal como dizem, todo mundo tem boleto pra pagar, não é mesmo? Mas, isso faz com que a minha tentativa de diminuir meu consumo diário de vídeos no Youtube seja limitado aos poucos canais que realmente me cativaram, de pessoas que eu sei que o fazem com paixão.
Quanto a mais problemática das mídias sociais ultimamente, será que a gente pode chamar de mídia social? Bem, o Whatsapp, não é um problema grande pra mim, pois não o uso como mídia social, não participo de grupos, nem mesmo de família! É só uma forma de me comunicar com as pessoas, quando eu preciso, ou elas precisam falar comigo. Infelizmente isso alimenta minha ansiedade as vezes. Já pensei em deletar do meu aparelho? Já! Mas não fiz porque eu não gosto de falar ao telefone, e essa é a forma principal de comunicação aqui em casa.
Como por algum tempo as redes sociais foram um jeito seguro de emular interações sociais pra mim. Perder tudo isso (ou quase) bateu forte em mim, e eu tive sérias quedas com relação a minha saúde mental. Mas estou tentando voltar aos trilhos fazendo o que deveria ter feito há muito tempo. Estou tentando interagir com as pessoas que amo no mundo real. E eu vi um grande avanço pra mim.
Espero continuar assim. E esse blog é o meu jeito de não perder o hábito de escrever, escrever e escrever, como faço no meio falado, onde não paro a boca um segundo (sinto muito mesmo, pessoas que interagem comigo no mundo real). A diferença é que aqui ninguém é obrigado a me ouvir (ler). Mas, caso alguém leia isso, deixa um oi pra mim. Significaria o mundo pra essa aqui. E tiraria essa paranóia de que o pequeno número de leitores do meu blog, na verdade são bots do Google.
Por fim, aos que escolherem por continuar a usar as redes sociais, desejo empatia e amor. ;*
___
Pequeno disclaimer de 18 de junho de 2018: eu voltei a usar o Facebook. Nada demais, só queria manter o contato com algumas pessoas, e esse é um bom meio para isso. Ah, e também nunca cheguei a deletar o Instagram. Mas do Twitter, realmente tô fora. Ao menos até agora.
Marcadores:
Charges.com.br,
deletar conta,
E-farsas,
Facebook,
Fake news,
Instagram,
Maurício Ricardo,
mídias sociais,
Podcast,
Podcast Mamilos,
Podcast NBW,
redes sociais,
Twitter,
Whatsapp,
Youtube
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
Conversa de garotas
Precisamos falar sério sobre algo: sexo! Hoje li um artigo do Huffpost Brasil que fala sobre interações sexuais onde as mulheres não se sentiram confortáveis, expressaram de forma "educada" para o parceiro, e mesmo assim tiveram que passar por momentos não desejados, desagradáveis e/ou constrangedores. Essa discussão é importante, principalmente dentro do movimento #MeToo, que denuncia casos de assédio sexual, ou mesmo estupro, desde o ano passado.
Tudo começou em Hollywood com a repugnação ao comportamento predatório e bullier de um grande produtor cinematográfico, Harvey Weinstein. Apesar do movimento #MeToo existir desde 2006, ele cresceu e se tornou viral no final de 2017, com o uso da hashtag pela atriz Alyssa Milano, em solidariedade a sua amiga, Rose McGowan, primeira a denunciar Weinstein. O que se seguiu foi, ao menos nos EUA, uma onda de denúncias de outros casos envolvendo, em sua maioria, homens que abusavam de algum poder que exerciam sobre suas vítimas, geralmente no meio profissional, para levá-las a praticar sexo com eles, ou receber algum tipo de "favor sexual". Falei de "em sua maioria homens", porque também houve denúncia contra uma mulher, (até onde sei). A cantora pop Melanie Martinez, que foi denunciada por uma amiga.
E não só mulheres se juntaram ao movimento, como homens, nesse caso assediados por outros homens. O primeiro do qual recordo foi o ator Terry Crews (o eterno pai do Chris), que alegou ser pego pelas genitálias por um agente de Hollywood durante uma festa onde estava ao lado de sua esposa. Outra denúncia vinda de um homem, foi a do ator da nova série Star Trek Discovery, Anthony Rapp, que revelou ter sido assediado pelo ator Kevin Spacey numa festa em sua casa, quando tinha apenas 14 anos. O que levou Kevin Spacey a se "desculpar" saindo do armário. Uma mancada épica, e um desserviço para a comunidade LGBT.
Um debate extremamente importante se iniciou com todas essas denúncias, e um movimento de mulheres não mais se calando diante da violência verbal ou física e de cunho sexual, tão bem estabelecida na nossa sociedade, que foi usada como justificativa por alguns dos denunciados. Que alegam, ao se defenderem, que cresceram entendendo que esse tipo de comportamento é "normal". Agora talvez caminhamos para um mundo onde, não só se condena esse tipo de comportamento, mas não mais se aceita. Um momento em que todos devemos debater sobre nossas interações sexuais. Dentro desse contexto, onde mulheres denunciam violência sexual, não parece certo dar voz a casos em que, aparentemente o que aconteceu foi consensual.
Muito se fala sobre consensualidade, também. Como qualquer assunto tabu, sexo não é diferente. Está cercado de nebulosidade e nuances. Ainda fazemos joguinhos, onde as diferenças de papel entre os gêneros (homem e mulher) é muito grande, e distante do ideal num mundo mais igualitário. As mulheres ainda não conseguem se expressar sexualmente sem serem reprimidas de alguma forma por isso; não conseguem dizer não, de forma clara e concisa para um homem, por não querer parecer rude, e por um instinto de não desagradar. E, por consequência, muitos homens acabam usando essa ambiguidade como desculpa para continuarem encontros sexuais em que as mulheres se mostram desconfortáveis. Afinal, eles não sabem interpretar os sinais que recebem delas. Sejam físicos ou verbais. Ah, me poupe! Nós convivemos há muito tempo em sociedade para não entender frases como "está ficando tarde..." e coisas do tipo.
Aqui no Brasil, em 2015 tivemos um movimento bem interessante sobre assédio: #primeiroassédio, campanha iniciada pela Juliana de Faria do Think Olga, após polêmicas envolvendo uma participante de 12 anos do programa Master Chef Júnior. Por aqui, sofreu um impulso pela temática da redação do Enem daquele ano "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira". Mulheres e garotas, usaram a hashtag nas redes sociais para comunicar sobre a primeira vez que sofreram alguma violência verbal ou física, sexual. Um ato de denúncia e de apoio feminino. Infelizmente, por aqui, o movimento logo esfriou. E tantas discussões interessantes que haviam sido criadas, logo desvaneceram. Uma pena!
Ao meu ver, devemos aproveitar esse momento para nos educarmos sobre o que é, ou não, saudável e aceitável, sexualmente falando. Não há uma só mulher que em algum momento da vida, não tenha sido assediada, ao menos verbalmente. E sim, isso inclui frases de "pedreiro" quando se passa na rua. E não, não é, e nem deve ser aceitável, e muito menos desejável. O assédio começa muito cedo nas vidas delas, infelizmente. E muitas mulheres desafortunadas, sofreram, ou sofrem constantemente, algum tipo de violência sexual. Afinal, vivemos num país onde, segundo dados de 2014, um estupro acontece a cada 11 minutos. Ontem mesmo fiquei sabendo de uma música que a letra normaliza o ato sexual com mulheres bêbadas, de forma esdrúxula. Sendo vangloriada como possível hit do verão. Pra quem não sabe, isso constitui crime de estupro de vulnerável. Posso fazer uma lista aqui só com músicas que fizeram sucesso, com letras bastante problemáticas sobre sexo e mulher.
Há muito o que se falar sobre o assunto. E espero que a discussão chegue por aqui de forma mais concisa, e em todas as camadas sociais, não só da elite que lê jornal e sabe inglês. Nossas meninas precisam se descobrir pessoas. Saber que tem todo direito sob seu próprio corpo, inclusive o direito de falar não no meio de um encontro. Se uma das partes não está confortável com a situação, nada mais justo que se expressar. Não precisa ter medo de ser mal educada, ou mesmo rude. Se a pessoa com quem você está realmente valer a pena, ela nunca irá questionar sua indisposição. No máximo você não terá um segundo encontro ruim.
> http://www.huffpostbrasil.com/2018/01/17/sobre-aziz-ansari-e-sexo-consentido-que-e-violento-mesmo-que-nao-seja-criminoso_a_23336027/?ncid=fcbklnkbrhpmg00000004
> http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2017/09/17/internas_polbraeco,626604/brasil-registra-um-estupro-a-cada-11-minutos.shtml
> http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2017/05/dia-nacional-contra-abuso-sexual-de-criancas-e-jovens-e-celebrado-nesta-quinta-18
> http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2015/11/1700865-criadora-de-campanha-sobre-assedio-considera-tema-do-enem-uma-vitoria.shtml
> http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2018/01/16/internas_viver,738395/surubinha-de-leve.shtml
> http://direito.folha.uol.com.br/blog/fazer-sexo-com-algum-bbado-estupro
Tudo começou em Hollywood com a repugnação ao comportamento predatório e bullier de um grande produtor cinematográfico, Harvey Weinstein. Apesar do movimento #MeToo existir desde 2006, ele cresceu e se tornou viral no final de 2017, com o uso da hashtag pela atriz Alyssa Milano, em solidariedade a sua amiga, Rose McGowan, primeira a denunciar Weinstein. O que se seguiu foi, ao menos nos EUA, uma onda de denúncias de outros casos envolvendo, em sua maioria, homens que abusavam de algum poder que exerciam sobre suas vítimas, geralmente no meio profissional, para levá-las a praticar sexo com eles, ou receber algum tipo de "favor sexual". Falei de "em sua maioria homens", porque também houve denúncia contra uma mulher, (até onde sei). A cantora pop Melanie Martinez, que foi denunciada por uma amiga.
E não só mulheres se juntaram ao movimento, como homens, nesse caso assediados por outros homens. O primeiro do qual recordo foi o ator Terry Crews (o eterno pai do Chris), que alegou ser pego pelas genitálias por um agente de Hollywood durante uma festa onde estava ao lado de sua esposa. Outra denúncia vinda de um homem, foi a do ator da nova série Star Trek Discovery, Anthony Rapp, que revelou ter sido assediado pelo ator Kevin Spacey numa festa em sua casa, quando tinha apenas 14 anos. O que levou Kevin Spacey a se "desculpar" saindo do armário. Uma mancada épica, e um desserviço para a comunidade LGBT.
Um debate extremamente importante se iniciou com todas essas denúncias, e um movimento de mulheres não mais se calando diante da violência verbal ou física e de cunho sexual, tão bem estabelecida na nossa sociedade, que foi usada como justificativa por alguns dos denunciados. Que alegam, ao se defenderem, que cresceram entendendo que esse tipo de comportamento é "normal". Agora talvez caminhamos para um mundo onde, não só se condena esse tipo de comportamento, mas não mais se aceita. Um momento em que todos devemos debater sobre nossas interações sexuais. Dentro desse contexto, onde mulheres denunciam violência sexual, não parece certo dar voz a casos em que, aparentemente o que aconteceu foi consensual.
Muito se fala sobre consensualidade, também. Como qualquer assunto tabu, sexo não é diferente. Está cercado de nebulosidade e nuances. Ainda fazemos joguinhos, onde as diferenças de papel entre os gêneros (homem e mulher) é muito grande, e distante do ideal num mundo mais igualitário. As mulheres ainda não conseguem se expressar sexualmente sem serem reprimidas de alguma forma por isso; não conseguem dizer não, de forma clara e concisa para um homem, por não querer parecer rude, e por um instinto de não desagradar. E, por consequência, muitos homens acabam usando essa ambiguidade como desculpa para continuarem encontros sexuais em que as mulheres se mostram desconfortáveis. Afinal, eles não sabem interpretar os sinais que recebem delas. Sejam físicos ou verbais. Ah, me poupe! Nós convivemos há muito tempo em sociedade para não entender frases como "está ficando tarde..." e coisas do tipo.
Aqui no Brasil, em 2015 tivemos um movimento bem interessante sobre assédio: #primeiroassédio, campanha iniciada pela Juliana de Faria do Think Olga, após polêmicas envolvendo uma participante de 12 anos do programa Master Chef Júnior. Por aqui, sofreu um impulso pela temática da redação do Enem daquele ano "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira". Mulheres e garotas, usaram a hashtag nas redes sociais para comunicar sobre a primeira vez que sofreram alguma violência verbal ou física, sexual. Um ato de denúncia e de apoio feminino. Infelizmente, por aqui, o movimento logo esfriou. E tantas discussões interessantes que haviam sido criadas, logo desvaneceram. Uma pena!
Ao meu ver, devemos aproveitar esse momento para nos educarmos sobre o que é, ou não, saudável e aceitável, sexualmente falando. Não há uma só mulher que em algum momento da vida, não tenha sido assediada, ao menos verbalmente. E sim, isso inclui frases de "pedreiro" quando se passa na rua. E não, não é, e nem deve ser aceitável, e muito menos desejável. O assédio começa muito cedo nas vidas delas, infelizmente. E muitas mulheres desafortunadas, sofreram, ou sofrem constantemente, algum tipo de violência sexual. Afinal, vivemos num país onde, segundo dados de 2014, um estupro acontece a cada 11 minutos. Ontem mesmo fiquei sabendo de uma música que a letra normaliza o ato sexual com mulheres bêbadas, de forma esdrúxula. Sendo vangloriada como possível hit do verão. Pra quem não sabe, isso constitui crime de estupro de vulnerável. Posso fazer uma lista aqui só com músicas que fizeram sucesso, com letras bastante problemáticas sobre sexo e mulher.
Há muito o que se falar sobre o assunto. E espero que a discussão chegue por aqui de forma mais concisa, e em todas as camadas sociais, não só da elite que lê jornal e sabe inglês. Nossas meninas precisam se descobrir pessoas. Saber que tem todo direito sob seu próprio corpo, inclusive o direito de falar não no meio de um encontro. Se uma das partes não está confortável com a situação, nada mais justo que se expressar. Não precisa ter medo de ser mal educada, ou mesmo rude. Se a pessoa com quem você está realmente valer a pena, ela nunca irá questionar sua indisposição. No máximo você não terá um segundo encontro ruim.
> http://www.huffpostbrasil.com/2018/01/17/sobre-aziz-ansari-e-sexo-consentido-que-e-violento-mesmo-que-nao-seja-criminoso_a_23336027/?ncid=fcbklnkbrhpmg00000004
> http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2017/09/17/internas_polbraeco,626604/brasil-registra-um-estupro-a-cada-11-minutos.shtml
> http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2017/05/dia-nacional-contra-abuso-sexual-de-criancas-e-jovens-e-celebrado-nesta-quinta-18
> http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2015/11/1700865-criadora-de-campanha-sobre-assedio-considera-tema-do-enem-uma-vitoria.shtml
> http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2018/01/16/internas_viver,738395/surubinha-de-leve.shtml
> http://direito.folha.uol.com.br/blog/fazer-sexo-com-algum-bbado-estupro
Assinar:
Postagens (Atom)